O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) abriu uma sindicância para apurar denúncias de abusos sexuais que teriam sido praticados pelo ginecologista e obstetra Felipe Sá Ferreira. O médico, de 40 anos, foi preso na semana passada em seu consultório, na cidade de Maringá. Pelo menos 15 mulheres que foram atendidas por ele já procuraram a polícia. A defesa de Felipe Sá refuta as acusações.
"O CRM-PR informa que instaurou procedimento sindicante ex officio para apurar denúncia veiculada nos meios de comunicação de possível desvio ético cometido pelo médico Felipe Sá Ferreira (CRM-PR 28.546)", informou o órgão, em nota. De acordo com o conselho, Felipe Sá está regularmente inscrito no Paraná desde fevereiro de 2011.
As pacientes denunciaram aos investigadores que os abusos do ginecologista aconteciam durante as consultas. As investigações começaram no início do ano, e desde a prisão temporária do médico outras pacientes procuraram a polícia para denunciar suas condutas.
Os agentes investigam os crimes de violação sexual mediante fraude, importunação sexual e estupro de vulnerável. Em pelo menos um dos casos, o ginecologista teria tentado hipnotizar a paciente.
"Durante todo o pré-natal, meu marido me acompanhou. E aí teve uma consulta que eu acabei indo sozinha. Ele (Felipe Sá) pediu pra que eu fechasse os olhos, que eu me imaginasse num lugar paradisíaco, contou até dez, estalou os dedos. Mas nenhum momento eu estava hipnotizada, eu estava em sã consciência. Ele falou: 'não, é sério. Se imagine tendo relações sexuais só com coisas que estejam dentro dessa sala'. Aí ele começou a pegar pesado do tipo, você se tocaria agora?", relatou uma mulher, em entrevista ao Fantástico.
Outra paciente, que é sexóloga, contou que o médico falou que ela precisa "deixar tabus" de lado durante a consulta. "Ele estava me examinando e tentou me estimular. Eu imediatamente disse pra ele parar, e ele dizia coisas... Ele dizia 'você precisa relaxar', 'você precisa entender que o seu corpo pode te dar muito prazer'", narrou.
O advogado Leonardo Batistella, que representa Felipe Sá, disse que ainda analisa as provas contra o médico, mas ressaltou que as acusações "não condizem com o histórico" dele.
"Trata-se ainda de uma investigação, portanto estamos analisando as provas e tão logo possível entrarei com o pedido de soltura", disse Batistella, que é especialista em direito médico e também atua na esfera criminal. "Não tive acesso a todas as provas ainda, mas posso afirmar que as alegações não condizem com o histórico profissional do Dr. Felipe."