Estudante de 45 anos vítima de etarismo faz boletim de ocorrência contra colegas

Autor: Renata Okumura (via Agência Estado),
quarta-feira, 22/03/2023

A estudante do curso de Biomedicina da Unisagrado, em Bauru, no interior de São Paulo, que foi vítima de deboche por parte de três colegas da universidade, registrou um boletim de ocorrência contra elas nesta semana. O caso foi registrado como injúria e difamação na Delegacia de Bauru, onde segue sendo investigado. O etarismo ou velhofobia corresponde à discriminação por idade contra indivíduos ou grupos etários com base em estereótipos.

No dia 10 de março, viralizou um vídeo no qual três calouras do curso debocharam de Patrícia Linares, de 45 anos, que também começou a estudar neste ano, por ela ser mais velha. Na publicação, uma das jovens pergunta como fazer para "desmatricular" uma colega de classe. A segunda estudante que aparece no vídeo responde: "Ela tem 40 anos já", disse. "Era para estar aposentada", continua uma terceira aluna no vídeo. "Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade", afirmou, com ironia, uma delas.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), a vítima compareceu à delegacia na última segunda-feira, 20, onde foi ouvida. Ela representou criminalmente contra as autoras do vídeo.

As estudantes não foram localizadas pela reportagem. O espaço permanece aberto para que se manifestem sobre o caso.

Desistência de graduação

Barbara Calixto, Beatriz Pontes e Giovana Cassalati, as três alunas do curso de Biomedicina da Unisagrado que gravaram o vídeo debochando de Patrícia, desistiram da graduação.

Após a repercussão do vídeo, a Universidade Unisagrado disse, em uma publicação nas redes sociais, que não compactua com qualquer tipo de discriminação. "Defendemos uma causa: a educação. Na verdade, somos a causa. Acreditamos que todos devem ter acesso à educação de qualidade, desde pequenos até quando cada um quiser, porque educação é isso: autonomia. Isso tudo faz sentido para nós", afirmou.

Posteriormente, a instituição de ensino instaurou um processo disciplinar para apurar o caso. No entanto, segundo a própria entidade, em meio ao andamento da ação que avaliava a conduta das três universitárias, elas decidiram solicitar a desistência do curso.

"Comunico que foi instaurado processo disciplinar e, durante, as três estudantes solicitaram a desistência do curso de Biomedicina. Dessa forma, o processo perdeu o objeto e, por isso, foi finalizado", disse a instituição em nota no dia 16.