Chuva no litoral abre cratera em São Sebastião e faz Santos colocar morros em atenção

Autor: Caio Possati (via Agência Estado),
quinta-feira, 25/01/2024

O município de São Sebastião, no litoral norte paulista, vem enfrentando uma série de problemas provocados pelas volumosas chuvas que caem na cidade desde o último sábado, 20. Nesta quinta-feira, 25, o município registrou abertura de cratera em Maresias, interdição de ruas por conta da queda de árvores e risco de deslizamento de barreira na rodovia Rodovia Dr. Manoel Hyppolito do Rego (SP-55).

Na última quarta, 24, a prefeitura acionou a sirene de evacuação para moradores da comunidade Vila do Sahy (costa sul da cidade), por conta do risco de deslizamento e inundação na região. Até a última atualização da administração municipal, 13 famílias, que totalizam 42 pessoas, buscaram os alojamentos abertos pelo poder público para se abrigarem temporariamente.

O alerta para a saída das residências foi primeiro do tipo emitido em São Sebastião desde a tragédia de fevereiro do ano passado. Durante o feriado de Carnaval de 2023, a cidade sofreu com a violência de um temporal extremo, cujo acumulado foi de 626 mm (um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado).

Na ocasião, 64 pessoas que estavam na cidade durante os temporais morreram. Muitas ficaram desabrigadas e outras ainda ficaram desaparecidas, soterradas sob a terra e escombros das casas levadas pelos deslizamentos. A Vila Sahy, a mesma a receber o alerta de evacuação nesta quarta, foi uma das áreas mais afetadas pelos temporais daquela época.

De acordo com as autoridades, os temporais que atingem São Sebastião nesta semana tiveram um acúmulo de 155,3 mm nas últimas 72 horas.

No bairro Maresias, as chuvas que caíram no começo da noite de quarta-feira, 24, abriram uma cratera na Rua Maria Prudência, na costa sul da cidade. Segundo técnicos da Secretaria de Obras (SEO), o solapamento da via aconteceu por conta do rompimento de uma tubulação de drenagem urbana.

A Prefeitura de São Sebastião informou que uma equipe da Secretaria de Serviços Públicos (Sesep) trabalha no conserto da tubulação para desinterdição da via. O pluviômetro do bairro Maresias registrou mais de 100 mm de chuvas em 72 horas.

A Secretaria de Serviços Públicos (Sesep) informou também que, na tarde desta quinta, precisou retirar uma árvore que caiu e obstruiu um trecho da Rodovia Dr. Manoel Hyppolito do Rego (SP-55), no bairro Guaecá. A equipe da Regional Centro foi deslocada para o local e, em uma ação que demorou 30 minutos, removeu os galhos e troncos das árvores que estavam no meio da via.

Quedas de árvores também foram registradas nos bairros Jureia (Rua Xavantes), Bora Bora (Rua Marginal Bacuris), e Boraceia (Avenida Penápolis).

A prefeitura de São Sebastião também alerta para um local de "risco iminente de queda de barreira", no km 151, também na Rodovia Dr. Manoel Hyppolito do Rego, no bairro Paúba. "As equipes da Sesep e da Defesa Civil Municipal já trabalham para resolver os problemas", informou a administração.

Mesmo com o risco de deslizamento, nenhum ponto da rodovia foi interditado. "O objetivo das ações realizadas na rodovia é evitar queda de árvores, deslizamentos e possíveis acidentes na via", completou a prefeitura.

Vídeos divulgados pela Defesa Civil do município na tarde desta quinta mostram alagamentos na Vila Sahy; na Barra do Sahy, a água chegou a ficar na altura dos carros. Também foram registradas enxurradas em Juquehy, na Vila Paraná e outro ponto de deslizamento também na Rua Miramar, no bairro Morro do Abrigo.

Santos coloca morros em estado de atenção

Cidades da Baixada Santista também apresentaram altos acumulados de chuva nas últimas horas. Conforme boletim da Defesa Civil, divulgado na manhã desta quinta, Guarujá teve precipitações com volume de 170mm; Santos, 138mm; São Vicente, 135mm; e Praia Grande, 128mm. Cidades de fora da região, como Ubatuba (165mm), Bertioga (163mm), Caraguatatuba (156mm) e Cananéia (134mm) também foram atingidas por temporais volumosos.

A Prefeitura de Santos informa que o índice pluviométrico acumulado da cidade, nas últimas 72 horas, é de 213mm. O volume corresponde a quase 70% da média histórica para todo o mês de janeiro, segundo a administração.

Por conta dos fortes temporais, a cidade colocou os morros em estado de atenção. Ao todo, 22 ocorrências foram contabilizadas na noite de quarta, sem o registro de vítimas. Assim como São Sebastião, o município da Baixada Santista também apresentou estragos como deslizamentos, abertura de crateras em vias da cidade, quedas de árvores, residências interditadas e pessoas desabrigadas.

Na noite quarta-feira (24) foram contabilizadas nove ocorrências nos morros Caneleira, Marapé, Monte Serrat, Nova Cintra e Saboó.

Na rua sete do Morro do Marapé, houve a queda de um muro nos fundos de moradias. Após realização de vistoria técnica pelos agentes, cinco casas foram interditadas e vinte pessoas ficaram desabrigadas. Elas foram encaminhadas para um abrigo municipal. "Essas famílias estão sendo assistidas pela Assistência Social do município", informou a prefeitura. No Morro Santa Maria, um deslizamento de terra de pequeno porte atingiu uma casa desocupada.

Durante a madrugada desta quinta-feira (25), os morros José Menino, Nova Cintra e São Bento também foram afetados. E, no final da manhã, foram registrados dois deslizamentos, um no Morro Santa Maria, na comunidade Vila Israel, onde técnicos da Defesa Civil indicaram a desocupação de casas e o encaminhamento das famílias para o atendimento da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds); e também na encosta do Morro São Bento, ao lado do Complexo Marina Magalhães, próximo à rodoviária. Em nenhum dos casos foram registradas vítimas, segundo a prefeitura.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) lançou um alerta de "grande perigo" de altos volumes de chuva para São Paulo e Rio de Janeiro nas próximas horas. O alerta vigora até as 10h desta sexta-feira, 26. De acordo com o instituto, o volume de chuvas pode ultrapassar os 60 milímetros por hora. "Há grande risco de grandes alagamentos e transbordamentos de rios, grandes deslizamentos de encostas" nas cidades afetadas, que incluem o litoral sul paulista e a Baixada Santista.