O ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou como um "equívoco brutal" o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que taxaria o aço e alumínio brasileiro porque o País estaria promovendo uma desvalorização artificial do câmbio.
"Nós só mudamos o nosso mix macroeconômico. Agora, em vez de fiscal frouxo e freio monetário, com câmbio supervalorizado derrubando as exportações, o Brasil caiu numa posição correta", defendeu, em entrevista ao site O Antagonista.
O ministro classificou a medida do presidente americano como um ato político, tendo em vista as eleições presidenciais dos EUA em 2020. "Acho que é política, eleição chegando. Ele quer dizer para todo mundo que está de olho nos seus eleitores", avaliou.
Guedes se disse surpreso com a medida e afirmou acreditar que a ideia não tenha passado pelos assessores econômicos da Casa Branca. "Eu tinha tido uma excelente conversa com o Secretário de Comércio dos EUA Wilmour Ross, com o diretor do Conselho Econômico Nacional Larry Kudlow numa reunião com CEOs de empresas americanas e brasileiras na semana passada e, de repente, ele Trump deu esse tiro para cima e falou o que falou", disse o ministro.
Mesmo assim, Guedes admitiu que não ligou para a equipe econômica de Trump para discutir a taxação do aço brasileiro, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado que teria um "canal direto" com o presidente americano e que poderia discutir a medida. "Há coisas que é preciso refletir, deixar amadurecer", afirmou.
Ele também destacou que o Brasil vem promovendo um processo de abertura econômica, com medidas como a elevação da cota de importação de etanol sem tarifas e da importação de trigo dos EUA, e que o interesse do País é de manter este processo.
"Queremos abrir nossa economia independentemente de políticas protecionistas dos outros. Nós acreditamos que há ganho de comércio para nós e quem quiser trabalhar conosco será muito bem vindo - isso vale para os Estados Unidos, que é a maior economia, temos interesse", disse Guedes.