Pe Júlio Lancellotti denuncia caso de aporofobia em Arapongas; entenda

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 13/06/2022
Imagens de estacas instaladas em Arapongas causaram polêmica

Um vídeo que circulou durante o final de semana nas redes sociais colocou em evidência o município de Arapongas, localizado na região norte do Paraná, distante 380 Km da capital Curitiba. No vídeo, repostado pelo ativista de Direitos Humanos no Brasil, Padre Júlio Lancellotti, imagens de estacas de metal colocadas em pontos da rodoviária da cidade onde pessoas em situação de rua costumam se abrigar, geraram indignação. Padre Júlio, em sua postagem, denunciou: Aporofobia – Arapongas-Pr.

A grande repercussão fez com que o prefeito do município paranaense se pronunciasse na tarde desta segunda-feira, 13. Sergio Onofre (PSC), disse que foi surpreendido pela repercussão do assunto. Ele afirmou que não tinha conhecimento do que havia sido feito e, de imediato, mandou que as estacas fossem retiradas.

“Essa decisão foi tomada pela gerencia da rodoviária em conjunto com alguém da secretaria de Obras, que ainda não sei quem é, atendendo a um pedido das pessoas que trabalham na rodoviária e enfrentam sérios problemas por conta das pessoas em situação de rua que ficam ali e não querem ir para os abrigos da cidade. Assim que tomei conhecimento, dei ordem para que as estruturas fossem retiradas, já que podem acabar machucando as pessoas”, disse o prefeito.

Onofre garantiu ainda que uma completa reestruturação da rodoviária da cidade, que segundo ele, está em condições precárias, já tem projeto e deve ser concretizada a partir do ano que vem.

A secretária municipal de Assistência Social de Arapongas Ismailda Ferreira de Lima da Silva, contou que soube a respeito da colocação das estacas na rodoviária neste domingo, 12, através das redes sociais e que desaprova a iniciativa.

“Nossa secretaria não foi consultada a respeito desta iniciativa. Eu, como secretária municipal e profissional da assistência social, repudio uma atitude como esta. Sabemos que existe um problema ali, mas tudo o que podemos fazer através das equipes de abordagem social e encaminhamento para abrigos, fazemos, porém, não podemos obrigá-los a sair do local, o acompanhamento deve ser voluntário”, esclareceu.

A secretária disse ainda que muitos criminosos se aproveitam da situação para circular entre os moradores de rua, principalmente para praticar tráfico de drogas. “Então precisamos entender se o problema realmente são as pessoas em situação de rua, ou a falta de segurança no local. Aumentar a segurança ali também pode trazer bons resultados”, considerou.

Comerciantes reclamam

De acordo com um representante dos taxistas que trabalham na rodoviária de Arapongas, que prefere não se identificar, impedir a permanência de pessoas em situação de rua no local é importante pois eles acabam afastando a clientela.

“As pessoas têm medo de passar aqui por conta dos andarilhos. Eles se reúnem nesses pontos, ao redor da rodoviária para ingerir bebidas alcóolicas, fazer arruaças e até praticar relações sexuais explícitas. É uma vergonha o que acontece aqui, tinha que deixar essas estruturas para espantar mesmo essas pessoas”, opinou.

Aporofobia:

De acordo com a língua portuguesa, a palavra aporofobia significa repúdio, aversão ou desprezo pelos pobres ou desfavorecidos; hostilidade para com pessoas em situação de pobreza ou miséria. [Do grego á-poros, 'pobre, desamparado, sem recursos' + -fobia.]

Imagens mostram as estacas colocadas no fim de semana, e retiradas nesta segunda-feira. Veja: