A delegada Thais Orlandini Pereira de Arapongas, no Paraná, informou nesta sexta-feira (12), que uma testemunha afirmou que a mãe do menino de quatro anos que sofria tortura, amarrava o filho por que ele não era obediente.
As investigações também apontaram que uma barra de ferro era amarrada no pé do garoto, o que dificultava a locomoção dele. "Estamos ainda investigando, ouvimos várias testemunhas, chegamos a uma pessoa que ouviu da boca da própria mãe que ela amarrava a criança por que ele era levado, não obedecia. Já temos o relato de alguém que escutou isso. A mãe do pai da criança contou que o rapaz confirmou que a esposa amarrava a criança para ir trabalhar, que alegava ser um menino levado. Achamos uma barra de ferro amarrada com cadarços, suspeitamos que essa barra de ferro era amarrada no menino, pesa uns quatro quilos", disse Thais.
Conforme a delegada, o pai da criança confessou que já viu o filho amarrado, mas que para não criar confusão com a esposa, não questionava. "Algumas pessoas relataram que ele seria usuário de drogas e que a esposa amarrava o filho para ir trabalhar, porém, ele disse que não usa drogas há um ano e meio. Um joga a culpa no outro. Os dois praticaram as agressões, eles entram em contradição, a gente percebe que de fato os dois amarravam a criança", enfatiza.
Os dois foram autuados em flagrante pelo crime de tortura, que tem pensa de até 8 anos de prisão. A delegada informou que um laudo apontou que os ferimentos no corpo da criança foram provocados. "Eles alegam a hiperatividade da criança, levaram em um médico e o menino não tem problemas. Ficou evidente os sinais de tortura, o laudo apontou que foi usado um objeto cilíndrico e fio para as agressões. A mãe do menino está grávida e foi liberada da prisão. O pai segue preso. Temos celulares que serão periciados. O que chamou atenção é que eles falam do filho amarrado com muita naturalidade, como se isso fosse normal. A criança foi acolhida ", finaliza. Veja a entrevista completa:
Relembre o caso:
A Polícia Civil de Arapongas, no Paraná, confirmou na noite de sexta-feira (5) que os pais de um menino de quatro anos e de uma criança de 10 meses foram autuados em flagrante pelo crime de tortura. Imagens dos ferimentos e da casa onde a família morava foram divulgadas e chamaram atenção.
Os dois foram presos nesta tarde. O Conselho Tutelar e a Polícia Militar (PM) foram até a residência do casal, no Jardim Colúmbia, após denúncias de que o filho era mantido amarrado com um cadarço. As equipes confirmaram o fato e ainda encontraram uma casa sem condições saudáveis de moradia.
Os policiais relataram que quando entraram na residência encontraram o menino em um colchão, com dois cadarços de tênis no chão e uma faca próxima, indicando que provavelmente o pai teria utilizado para desamarrá-lo.
Os investigadores da 22ª Subdivisão Policial foram até o local e constataram uma situação precária e insalubre. Ainda de acordo com a Polícia Civil, a criança apresentou sinais visíveis de violência e relatou as agressões. Veja:
"Os conduzidos foram interrogados e, friamente, negaram a prática criminosa. A genitora das crianças, disse que estaria grávida de 33 semanas e que não fez acompanhamento médico, pois somente descobriu que estava grávida com 27 semanas. Disse que um dos cadarços é do tênis que estava usando e, ao acordar hoje, estava sem referido cadarço, tendo colocado outro. Disse que começou a trabalhar em julho de 2020 e antes não trabalhava. Disse que o seu marido, pai das crianças, é muito acumulador. Disse que o filho de 04 anos não fala, mas entende o que lhe é falado. Disse que não viu as lesões no corpo de seu filho apenas a da perna. Já o pai das crianças alega que o seu filho estava solto e foi atender os policiais. Erra o nome do próprio filho, chamando- o por outro nome. Negou as agressões e não soube explicar as lesões da criança. Disse que seu filho não contou aos policiais, pois ele não sabe falar", informou a Polícia Civil.
Os pais foram presos em flagrante pelo crime de tortura e seguem à disposição da Justiça. A Polícia Civil representou pela prisão preventiva deles.