O assassinato de uma professora em sala de aula por um estudante de apenas 13 anos armado com uma faca em São Paulo chocou o país na manhã da última terça-feira (27). Outras quatro pessoas ficaram feridas, sendo mais três professoras e um aluno. O caso chamou atenção para a escalada da violência nas escolas nos últimos anos. Na região, a situação é de alerta após casos recentes de ameaças e agressões que foram parar na polícia.
Nos 16 municípios pertencentes ao Núcleo Regional de Educação (NRE), de Apucarana, foram três registros de ameaças ou agressões físicas envolvendo alunos em 2021, segundo levantamento da Ouvidoria do órgão. O número dobrou em 2022, com seis ocorrências do tipo. Em 2023, já são quatro casos com menos de dois meses de aulas – o ano letivo começou em 6 de fevereiro.
A situação mais recente ocorreu na última quarta-feira (29) em Arapongas. Um menor de 16 anos foi apreendido após ameaçar um colega, segundo testemunhas, com uma arma de fogo. Pedagogas contaram à polícia que viram o menino sacando um revólver da mochila. A situação foi registrada no Colégio Estadual Irondi Pugliesi, no Conjunto Palmares.
Após ouvir depoimentos de testemunhas e do menor, a Polícia Civil pediu o internamento do garoto, o que será agora analisado pelo Poder Judiciário. Em depoimento, ele admitiu as ameaças, mas negou que estivesse armado. A PM chegou a vistoriar a casa do adolescente, mas a arma de fogo que teria sido avistada pelas pedagogas não foi localizada.
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Outro caso de repercussão ocorreu em São João do Ivaí na última segunda-feira (28). A PM foi chamada após uma briga entre alunos no Colégio Estadual Arthur de Azevedo. Um dos envolvidos na confusão ameaçou professores e prometeu “acabar” com a escola. Ele foi apreendido e a Justiça da comarca de São João do Ivaí deferiu pedido de medida protetiva em favor dos alunos, determinando o afastamento por 30 dias do adolescente infrator, que terá atendimento educacional em domicílio.
O ouvidor do NRE de Apucarana, José Carlos dos Santos, considera o número de registros alto. “Até mesmo um caso já seria grave, porque a gente não sabe o potencial de uma ameaça como essa”, assinala. Segundo ele, os procedimentos abertos no NRE servem de alerta.
Na região, os casos acompanhados pelo Núcleo ocorreram em escolas de Apucarana, Cambira, Arapongas e Califórnia, com registros de ameaça e agressão. Neste ano, três casos ocorrências foram em Apucarana e uma em Arapongas.
Segundo José Carlos, a orientação aos professores é sempre realizar um trabalho preventivo quando há um caso de um aluno que possa evoluir para a violência, levando o problema para a direção da escola.
Na ocorrência de ameaça ou agressão, uma rede de proteção é acionada, envolvendo a Patrulha Escolar da Polícia Militar, o Conselho Tutelar, a Ouvidoria do NRE e o Ministério Público (MP-PR).
Professores são vítimas
Além das brigas entre alunos, os professores também são alvos frequentes de violência nas escolas. Um dos casos mais graves ocorreu em Califórnia, quando uma professora de 34 anos foi agredida em maio de 2022. Ela lecionava para alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Colégio Estadual Talita Bresolin, quando foi atacada por uma aluna de 33 anos. O motivo da agressão teria sido um “meme” publicado pela professora em um grupo de mensagens por aplicativo.
A agressão virou caso de polícia e, segundo a Ouvidoria, há um processo criminal em andamento. Em nota oficial, a APP-Sindicato afirmou que repudia qualquer forma de violência. “A relação entre professor e aluno deve ser de absoluto respeito, de ambas as partes. Qualquer tipo de agressão, seja física, moral ou verbal, é inadmissível. A escola é um ambiente de aprendizado e de troca, priorizando sempre a educação como um veículo transformador da sociedade. Cabe a todos os seus integrantes a manutenção de um ambiente humano e justo”, afirmou a diretoria do sindicato, que representa os professores da rede estadual da região.
Por, Fernando Klein