No povoado de Marara, em Moçambique, não existem ruas nem asfalto e as casas são de “pau a pique”. Para atender aos cerca de 80 mil habitantes, há uma unidade de saúde e apenas duas escolas. Existe uma feira livre e, para acessar um supermercado, é necessário caminhar 80 quilômetros. Luz, água encanada e internet são artigos de luxo, acessados por poucas pessoas.
Nesta realidade está mergulhado, há oito anos, o padre apucaranense Devanil Ferreira, que é da Congregação dos Padres Oblatos de São José. O padre é amigo de infância do prefeito Junior da Femac e fez nesta semana uma visita ao gestor municipal, quando compartilhou os desafios encontrados no povoado de Marara, um distrito da Província de Tete, no País de Moçambique, no continente africano.
O religioso concilia a função de pároco com a de diretor de uma escola com 1.300 alunos. “Conto com a ajuda de um padre para atender 22 comunidades, numa região onde se falam quatro idiomas: o português, o inglês e duas línguas locais”, afirma.
O padre Devanil, que está em Marara desde 2014, conta que o povoado vem tendo pequenos avanços. “Há dois anos a energia elétrica chegou. Existe uma usina hidrelétrica a cerca de 100 quilômetros, mas as dificuldades continuam, pois o governo de lá prefere vender a energia para outros países”, lamenta.
O padre vai contabilizando as pequenas conquistas e projetando novas, como uma fotocopiadora que ainda não existe na escola. “Não existe material didático e pretendemos que os estudantes pelo menos possam fazer cópias das brochuras”, relata o padre, que é filho de José Cândido Ferreira e Teresinha Ferreira. “Sou de uma família de cinco filhos, dos quais três moram em Apucarana”, completa.
O prefeito Junior da Femac afirma que o trabalho realizado pelo padre é digno de reconhecimento. “Assim como a gente reconhece um grande atleta, um cientista, um grande administrador ou um político, a gente também reconhece o trabalho missionário. É uma luta diária para salvar vidas e uma imersão de corpo, mente, alma e espírito”, define Junior da Femac.
Junior da Femac afirma ainda que o relato do padre é um choque de realidade. “Aqui, temos tudo na mão e ainda reclamamos. É importante valorizar o que está à nossa disposição, pois muitas vezes temos até dificuldade de jogar um copo no lixo ou nos queixamos do ônibus do transporte escolar que atrasou alguns minutos”, assinala o prefeito de Apucarana.