A promotora Fernanda Trevisan Silvério, titular da 2ª Promotoria de Justiça, informou na manhã desta terça-feira (18), que as testemunhas do caso da falsa enfermeira serão ouvidas na semana que vem e destacou que vai investigar as denúncias de fura-fila da vacina.
Ainda de acordo com a promotora, o processo também avalia a possível prática de improbidade administrativa dos responsáveis pela vacinação no município.
A promotora repassou que não existem indícios de aplicação de soro nas pessoas que foram vacinadas pela falsa enfermeira. "Não vejo indícios que tenha havido a aplicação de soro. O que eu vejo realmente é uma facilidade de acesso ao imunizante aliado a uma falta de controle e fiscalização mais rigorosa," destaca.
A família que foi beneficiada pela vacina da falsa enfermeira, deve responder pelos mesmos crimes que ela. "Como peculato, por aproveitar do desvio público, e eles também infringiram as medidas sanitárias, tudo será avaliado", explica.
Veja a entrevista com a promotora:
O que se sabe:
16 abril - Silvânia inicia o atendimento como voluntária no sistema de vacinação contra Covid-19, em Apucarana.
8 de maio - Silvânia desvia primeira ampola de Astrazeneca
11 de maio - desvia segunda ampola de Astrazeneca
12 de maio – Vereador Lucas Leugi registra denúncia
14 - Autarquia de Saúde de Apucarana abre sindicância para apurar a atuação de Silvânia e baixa portaria proibindo a participação de voluntários no serviço de vacinação contra a Covid-19.
15 de maio – Falsa enfermeira é presa em casa pela Polícia Civil e ampolas de vacina são apreendidas. Coordenador da Epidemiologia é afastado.
A Justiça em sentença proferida pelo Juiz de Direito Oswaldo Soares Neto, decretou na noite desta segunda-feira (17), a prisão preventiva da falsa enfermeira de Apucarana, Silvânia Regina Del Conte.
A Autarquia Municipal de Saúde (AMS) de Apucarana está com o processo sindicante investigativo em andamento sobre o caso da suposta técnica de enfermagem Silvânia Regina Ribeiro Del Conte, que atuou como voluntária na vacinação contra a Covid em Apucarana
O CASO:
Falsa enfermeira é presa com doses de vacina contra covid-19
A Polícia Civil de Apucarana, no norte do Estado do Paraná, apreendeu na tarde de sábado (15) ampolas de vacinas contra covid-19 na casa de uma falsa enfermeira suspeita de ter desviado o material de rede pública de saúde para vender as doses a pessoas que não fazem parte do público alvo da campanha. Na casa da mulher, que se apresenta como técnica em enfermagem, foram apreendidos também carteirinhas de vacinação, celulares e seringas.
A mulher foi presa e encaminhada a 17 Subdivisão Policial de Apucarana. O mandado de busca e apreensão na casa da detida atende a pedido do Ministério Público do Paraná, por meio da 2ª Promotoria de Justiça, que abriu investigação após receber denúncia do vereador Lucas Leugi. A mulher trabalhou como voluntária na campanha de vacinação contra covid-19 até ser afastada após ser alvo das denúncias. O vereador apresentou indícios que apontam que a falsa enfermeira teria atuado como voluntária para desviar vacinas contra a Covid-19 para revendê-las. Há informações, ainda não confirmadas pela Polícia Civil, de áudios e troca de mensagens em aplicativos onde a detida oferecia a vacina.
Durante o cumprimento da determinação judicial, as doses de vacina foram apreendidas (um frasco da Astrazeneca, com cinco doses; um de CoronaVac com um número ainda não determinado de doses e um vazio) e a falsa enfermeira foi presa em flagrante pelo crime de peculato, podendo responder também pelos crimes de falsidade ideológica e infração de medida sanitária.
Segundo o delegado Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, a falsa enfermeira atuou como voluntária na campanha de vacinação desde 16 abril lotada na parte interna do Ginásio de Esportes Lagoão. Em depoimento, ela admitiu o desvio das vacinas, mas negou ter vendido o imunizante que teriam sido desviados para imunizar uma família próxima a detida. "Ela também afirmou, e isso é importante salientar para população até porque tem ocorrido diversos boatos a respeito, que jamais aplicou soro nas pessoas que estavam sendo vacinadas. Ela frisa isso em depoimento e não há elemento nenhum que sugira que essa prática ocorreu", afirma o delegado