Moradora perde o pai após não conseguir acionar socorro em Apucarana

Autor: Da Redação,
terça-feira, 16/04/2024
Telefone do Samu apresentou problemas

A moradora de Apucarana (PR), Maranice Gimeni, convive com o luto após perder o pai José Gimeni, de 78 anos, em março deste ano. A orientadora acredita que o aposentado poderia ter sobrevivido ao infarto caso o socorro tivesse chegado a tempo. Foram inúmeras tentativas para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a ambulância chegou 40 minutos depois. A operadora responsável pelo 192 apresentou instabilidade naquele dia, o que dificultou o contato com os socorristas. 

O aposentado passou mal por volta das 17 horas do dia 27 de março. Maranice conta que imediatamente ligou para o 192 do Samu, mas só ouvia o sinal de linha ocupada. Na sequência, ela contatou o Corpo de Bombeiros e foi orientada a ligar em outros números alternativos. 

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“Meu pai era um homem grande e a gente teria que ter uma maca ou cadeira de rodas para poder levá-lo ao hospital e não tínhamos essa estrutura. Tenho todos os prints das ligações que fizemos. Não sei nesse momento qual seria o papel do bombeiro, mas eu falava que meu pai estava morrendo e o atendente pedia para eu Ligar para o Samu”, relata.

Maranice contatou todos os números repassados pelo Corpo de Bombeiros: 192, fixo e um celular. Todos estavam com a linha ocupada. “Ligamos várias vezes para o Samu e só dava ocupado. Mais pessoas estavam na tentativa também. Os bombeiros informaram que não podiam vir e os outros números que eles passaram só davam ocupado. Nesse intervalo de tentar, meu vizinho resolveu ligar para a Polícia Militar e passaram outro número, onde a gente conseguiu pedir socorro. Mas nesse momento meu pai já havia falecido. Infelizmente não teve como socorrer ele”, relata. 

Foto por Arquivo pessoal
José Gimeni faleceu no dia 27 de março
  

Quarenta minutos depois uma ambulância do Samu chegou e os socorristas ainda tentaram ressuscitar José, mas ele havia falecido. “Nesse meio termo bateu o desespero, mas eu não pude fazer nada. Eu disse aos socorristas que eles não tinham culpa, mas o socorro veio muito tarde”, lamenta.

Para Maranice, a agilidade no atendimento seria crucial para salvar a vida de seu pai.  “Meu pai estava lutando. Eu tentava acalmar ele, dizendo que o socorro estava a caminho. Mas o socorro nem sabia que ele estava passando mal. Eu só sei que a gente tinha ouvido várias reclamações e para uma cidade como Apucarana que atende o Vale do Ivaí, é lastimável, A gente que é contribuinte, paga impostos, que é cidadão de bem, a hora que mais precisa, não tem esse socorro”, desabafa. 

OUTRO LADO

A tenente do Corpo de Bombeiros, Ana Paula Zanlorenzi informa que a corporação não pôde atender ao chamado de Maranice pois as viaturas estavam empenhadas no atendimento de um acidente entre dois veículos na BR-376 no dia 27 de março por volta das 17 horas. "Provavelmente o atendente tenha insistido para que a solicitante fizesse o contato com o Samu justamente porque estávamos sem ambulância disponível no momento, por já estar em outra ocorrência”, explica a tenente.

Ela também esclarece que, por protocolo, problemas clínicos são de competência do Samu. Porém o Siate atende essas ocorrências em casos excepcionais. “Quando o Samu tem alguma situação mais grave e não consegue atender no momento pede para que nossa ambulância vá até a ocorrência. Mas reforçando que casos clínicos são, realmente, de competência do Samu”, afirma. 

A Coordenação do Samu Apucarana informou que no dia 27 de março a operadora responsável pelo número 192 de emergência apresentou instabilidade. No outro dia foi divulgado um comunicado na imprensa local sobre o problema de origem na operadora de telefonia.