O apucaranense Pedro Canezin, de 26 anos, viveu momentos de terror em Porto Alegre (RS). O analista de sistemas estava hospedado em um hotel da capital gaúcha quando foi surpreendido pelas enchentes na cidade. A viagem de trabalho acabou se tornando uma luta pela sobrevivência.
Morador do Núcleo Habitacional Papa João Paulo, ele contou em entrevista ao TNOnline que chegou em Porto Alegre no dia 29 de abril, já sob fortes chuvas. Pedro viajou para o território gaúcho a serviço da Secretaria de Saúde do município de Alvorada (RS). No entanto, a situação ficou complicada a partir da noite do sábado (4).
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Canezin contou que estava em um hotel na Avenida Assis Brasil, e a preocupação com as enchentes começou por volta das 18 horas do sábado. Ele ficou atento por cerca de seis horas e, como parecia que a água não chegaria até ele, decidiu ir dormir. Mas a sensação de segurança foi breve, porque, por volta das 3h da madrugada de domingo (5), Pedro foi acordado às pressas pelos funcionários do hotel.
“Na hora que eu tirei o pé da cama, já estava com água dentro do quarto. E aí, eles [funcionários] mandaram a gente para outros quartos, no andar superior do hotel. Só que aí a água veio muito rápido, muito rápido mesmo, e não tinha mais o que fazer”, lembrou o apucaranense.
O jovem e os outros hóspedes do hotel foram resgatados por voluntários. Dois barcos foram até o local, e os mais velhos tiveram preferência para saírem nas embarcações. Pedro e cerca de outras 30 pessoas não tiveram essa sorte e precisaram andar aproximadamente dois quilômetros dentro das águas da enchente para chegarem até um abrigo. “Quando a gente pisou para fora do hotel, a água já bateu no peito. Andamos mais ou menos uns dois km com água no peito”, afirmou. Pedro deixou todos os pertences para trás. Levou apenas a roupa do corpo e o celular, que usou para telefonar para a mãe.
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O resgate aconteceu em segurança, mas foi apenas por uma questão de sorte. O analista de sistemas revelou que o gerador de energia do hotel estava ligado quando a água invadiu a estrutura. “Inclusive na hora que a gente estava saindo, teve um rapaz que tomou um choque na água. Um bombeiro que a gente encontrou no meio do caminho falou que tivemos muita sorte, porque para trás, assim, no bairro que a gente estava, ele falou que já tinha corpo boiando na água”.
Pedro ficou sem nenhum pertence no abrigo até a manhã de segunda-feira (6), quando conseguiu ajuda de um grupo de resgate de SC que deu “carona” para ele até o hotel. O morador de Apucarana aproveitou a situação para pegar os pertences de outros hospedes, além de ajudar os catarinenses a levarem água para outras pessoas ilhadas e resgatar uma mulher no caminho.
Canezin conseguiu retornar para Apucarana em segurança, mas desabafou que foi uma “situação terrível”. Para ele, quem viveu ou está vivenciado a tragédia no RS “acaba ficando sem um norte e sem saber o que fazer”.
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