Morador de Apucarana comemora última hemodiálise; assista

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 02/03/2023
Autônomo Mário dos Santos, 63 anos, morador de Apucarana

O autônomo Mário dos Santos, 63 anos, morador de Apucarana, norte do Paraná, encerrou um ciclo de cinco anos de hemodiálises. Diagnosticado com insuficiência renal crônica em 2016, ele precisou fazer o procedimento semanalmente enquanto aguardava na fila para um transplante de rim, até encontrar um doador muito especial: o seu irmão caçula. (Veja o vídeo abaixo). 

A cirurgia está marcada para sexta-feira (03/03) e muito em breve Mário poderá realizar uma vontade que, segundo ele, será a sua maior alegria. “Quero tomar dois litros de água, porque faz cinco anos que eu não tomo água. Quem faz hemodiálise deve tomar o mínimo. Nestes anos a minha maior vontade é tomar água e garapa”, revela.

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Mário desenvolveu a doença por ser hipertenso e diabético, dois dos principais fatores de risco causadores do problema renal crônico. “Eu vivi 10 anos com diabetes e dois anos com pressão alta e para mim estava tudo normal, porque nunca tinha pisado em um hospital. Quando de repente minhas pernas começaram a inchar e precisei começar hemodiálise. E é uma doença que pode ser evitada com exame que mede a quantidade de creatinina no sangue ou na urina”, relata.   

Foram tempos difíceis para a família de Mário, sobretudo na fase mais aguda da doença quando ele perdeu a visão precisou passar por cirurgia. “Eu fico emocionado em lembrar, porque muitas vezes perdi a esperança de um doador aparecer”, relembra Mario que ficou na fila de espera de transplante por quatro anos. “Até fui chamado algumas vezes quando apareceram doadores, mas depois diziam que eu não era compatível. E nessas dez vezes que me chamaram, eu perdi a esperança”, conta.      

A esposa do autônomo, Regina Maciel, 62 anos, conta que não foi apenas a condição física que a hemodiálise afetou, mas também a psicológica. “A hemodiálise enfraquece a pessoa. Havia dia que estava bem, dia que não, ele foi afetado psicologicamente, perdeu a visão, precisou fazer cirurgia. Mas eu tinha que manter a força para não deixar ele mais para baixo ainda”, conta.

A esperança voltou para o coração de Mário após aceitar um pedido do irmão mais novo, o Joel de 51 anos. Ele conta que não suportou presenciar o sofrimento do irmão mais velho e se ofereceu para doar o rim. “Quando a família descobriu que o Mário estava doente, ficamos muito tristes. Somos uma família muito unida e até que em uma época que ele estava muito mal eu disse que quando ele precisasse de um doador ele podia contar comigo. Não podia deixar uma pessoa da minha família passar por isso, sendo que eu podia ajudar”, conta Joel.

No primeiro exame que fizeram o resultado deu incompatibilidade entre os irmãos, mas Joel insistiu. “Alguma coisa me dizia que eu podia ajudar de alguma forma. Fizemos o exame novamente e deu compatível. Além de poder doar para ele, descobri que sou doador universal, poderia doar para qualquer pessoa”, recorda.

A atitude de Joel encheu sua mãe de orgulho e de alívio. Mãe de dez filhos, Benedita dos Santos, 84 anos, nunca imaginou que seria o filho caçula a doar o rim para o mais velho. Religiosa, dona ‘Ditinha’, conta que rezou muito pela recuperação do filho. “Me apeguei com Deus e disse que um dia ele iria devolver o rim do meu filho. Eu não tive pressa, eu esperei. E agora o Mário vai fazer a cirurgia. Estou muito feliz”, comemora.

Após a última hemodiálise, Mário foi internado no Hospital Evangélico, em Londrina, e fará a cirurgia nesta sexta-feira (03/03). A família fará uma festa em comemoração quando ele estiver totalmente recuperado.    

CONSCIENTIZAÇÃO

Mário decidiu divulgar a sua história para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos para ajudar as pessoas que aguardam na fila por transplantes. Até janeiro deste ano, mais de 3,2 mil pessoas esperavam pela cirurgia no Paraná

"É muito importante comunicar a família sobre a vontade de doar, porque depois que a pessoa falece somente a família pode autorizar a captação de órgãos. Então, não adianta apenas querer doar. É preciso conscientizar que o transplante salva vidas", ressalta.

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