Servindo os clientes atrás do balcão, Paulino Carvalho repete a mesma rotina diariamente há 40 anos em Apucarana (PR). Ele é um dos donos de bares mais antigos da cidade, instalado na Avenida Curitiba, número 648, na região conhecida como Barra Funda. Veja reportagem em vídeo abaixo
Em quatro décadas, esse simpático senhor de 74 anos já ouviu muitas histórias, mas conta que um dos segredos do ofício é, muitas vezes, apenas ouvir a conversa e deixar passar. “Em bar, a gente escuta histórias que agradam e desagradam. Algumas eu guardo e outras só escuto e deixo passar”, comenta, brincando que só as histórias mais importantes ele acaba “passando pra frente”.
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Ele conta que comprou o bar do antigo proprietário Antônio Leal. “Trabalhei com ele (Antônio Leal) uns tempos, mas ele já estava de idade e acabou me oferecendo. Comprei a prazo. Paguei em 13 meses e já estou chegando há 40 anos aqui”, comenta.
Paulinho, como prefere ser chamado, já presenciou o auge do comércio de cereais na Barra Funda. O bar, inclusive, funciona onde antes era a antiga agência do banco América do Sul, quando essa região da cidade chegou a ter dezenas de agências bancárias.
“Os móveis estão do mesmo jeito. Nunca mudei. As portas e até algumas chaves são do tempo do América do Sul”, comenta.
Ele conta que abre o bar todos os dias, de segunda a segunda, incluindo domingos e feriados. E diz ter uma clientela fiel. “Tenho mais amigos do que clientes”, assinala, citando que alguns chegam a ligar quando demora a abrir o estabelecimento por algum motivo, como pagar uma conta no centro. Muitos moradores antigos da cidade também aparecem. “Eles chegam e perguntam: você está aqui ainda? Eu fico feliz, sentado aqui no meu banquinho”, conta.
Há outros estabelecimentos antigos do gênero ainda em funcionamento na cidade. No entanto, o Bar do Paulinho é um dos únicos administrados pelo mesmo dono há tantos anos. Ele nunca passou o ponto para outras pessoas.
Com a chegada da idade, no entanto, ele já não esconde o interesse de logo ali se aposentar também do bar e não descarta a venda do local quando aparecer uma proposta interessante. “Tenho acumulado muito tempo de sono. Tenho que dar um jeito de descansar”, completa, esbanjando bom-humor.
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Por Fernando Klein e Lis Kato