Um bar localizado na Rua Ouro Branco, no centro de Apucarana, no norte do Paraná, foi alvo de ataques homofóbicos. Uma das proprietárias do espaço chegou a ter crise de pânico após o ocorrido. Câmeras de segurança flagraram toda a ação e registraram o momento em que quatro homens se aproximam do estabelecimento e vandalizam o espaço. Um dos suspeitos urina na frente do comércio.
A advogada e sócia-proprietária do bar Stephany Haidamak, contou que ela e a esposa Nayane Codina, tinham fechado o estabelecimento e já estavam na casa delas, que fica na parte superior do imóvel, quando ouviram dois carros parando em frente ao local. "Imediatamente fomos verificar as câmeras. Vimos os quatro rapazes descerem dos veículos e ouvimos eles gritando “Esse é o El Dorado! O bar de viado!”; “Não é bar de viado? Um rapaz começou a urinar e nesse momento eu saí na sacada de casa e pedi para que fossem embora, pois estava vendo o que eles estavam fazendo. Um rapaz indagou se eu estava vendo pelas câmeras e eu disse que sim. Acho que ele pensou que elas estivessem desativadas. Mesmo pedindo para que fossem embora, eles permaneceram ali na frente por mais alguns minutos, e disseram que era para nós descermos, enquanto outro falava palavras ofensivas", detalha Stephany.
A sócia-proprietária contou que elas ligaram para a Polícia Militar (PM), mas o telefone de emergência estava instável, a segurança particular foi acionada, porém, os homens deixaram o local. Um boletim de ocorrência foi registrado no dia 10/02, quando o ataque aconteceu e os suspeitos já foram identificados. A família espera por justiça. "Nós esperamos que os indivíduos sejam responsabilizados perante a justiça e que a punição sirva de exemplo para coibir esse crime de ódio, pois fomos vítimas de homofobia, seguido de ato obsceno e depredação de patrimônio, apenas por sermos quem somos. Eu e a Nayane nos sentimos ameaçadas, com muito medo. Nós sequer conhecíamos aqueles homens. Era de madrugada, ninguém imagina sua casa e seu ambiente de trabalho, sendo atacados por quatro homens, gratuitamente. Aqui é nosso ganha pão e nossa residência. Era pra nos sentirmos seguras; em casa mora apenas eu e minha esposa, duas mulheres, vulneráveis, e diante dessa violência ficamos estarrecidas, congeladas. A Nayane teve crise do pânico, foi conseguir se acalmar por volta das 4h da manhã. No outro dia, tínhamos todos os afazeres de nossos trabalhos para serem cumpridos, mas o psicológico estava muito abalado", ressalta.
Stephany fez um desabafo após toda a situação. Ela e a esposa resolveram empreender e fundar o bar com o intuito de propagar o respeito à diversidade e desde que inauguraram, o espaço recebe muitos clientes, que na maioria são LGBTQIA+. "Só quem é LGBTQIA+ sabe o quanto essa agressão, gratuita, é dolorosa, sendo que em muitos casos, a violência é fatal. Nossa resistência é diária, jamais desistiremos. Infelizmente, nosso país ainda é muito preconceituoso e infelizmente, algumas pessoas se acham superiores às outras, por preconceito, seja por cor, seja por orientação sexual, seja pela condição financeira, mas nós vamos até o fim, nos fazendo valer de todos os meios legais para buscar a punição dos agressores. Quando nós inauguramos, ninguém veio nos abordar ou demonstrou qualquer apoio ao nosso negócio, porém, estamos firmes e fortes, mesmo diante de todos os ataques. E não queremos vincular nosso estabelecimento e nossa imagem, apenas na situação vítimas, mas que sejamos reconhecidos como um lugar que faz a diferença na cidade, justamente pela função social de rede de apoio e proteção para com nossos clientes, que são maioria LGBTQIA+. Nós acreditamos nas pessoas, e no crescimento da nossa cidade, por isso estamos aqui", finaliza.
O caso segue sendo investigado.