Experiência transformadora: padre relata missão vivida na África

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 28/11/2022
A missão São Paulo VI iniciou no país da Guiné-Bissau, África, em 2014, foram definidos três âmbitos de atuação: evangelização, saúde e educação

“Uma experiência impactante, um verdadeiro choque de realidade”,  foi assim que o padre Edson Zamiro de 45 anos e 19 de sacerdócio, definiu sua experiência na missão pastoral na África, em Bafatá região no centro-norte da Guiné-Bissau. O padre, que é pároco da Paróquia Coração Eucarístico de Jesus em Apucarana e tesoureiro da Comissão Regional de Presbíteros do Paraná, esteve pela primeira vez no continente.

Foram 11 dias de visita pastoral missionária à Missão São Paulo VI com ações comunitárias com o povo de uma das regiões mais pobres do mundo. O padre contou que o que viveu em Bafatá foi tão forte e transformador que dificilmente encontraria palavras para definir.

 “A princípio a impressão que eu tive é que aquela região da África foi totalmente esquecida pelo resto do mundo. Foi uma experiência que palavras não conseguem exprimir tudo aquilo que vivemos e vimos naqueles 11 dias. Saber que em pleno século 21 existem lugares que vivem uma realidade tão rudimentar, tão precária sem o mínimo de infraestrutura, inclusive sem energia sem água é difícil de aceitar”. explica.   

Foto por Arquivo pessoal
missão pastoral na África, em Bafatá região no centro-norte da Guiné-Bissau

Segundo padre Edson, boa parte das crianças contraíram o vírus do HIV de seus pais. Além de 40% da população daquela região de Bafatá viver uma desnutrição crônica. “O povo consegue sobreviver, mas não consegue viver de forma mais plena. Ver as crianças naquela situação é de cortar o coração, aquilo que parece que atinge suas vísceras. Para elas falta não só o material, mas muitas vezes o afeto do amor do lar da família. Sem nenhum exagero as famílias entregam com muita facilidade suas crianças, não porque queiram doar, mas devido à situação muito precária”. lamenta.

Mas o pároco disse que mesmo diante de tanta dificuldade, o carinho do povo da África chamou sua atenção. “As crianças, mesmo diante de tanta pobreza e sofrimento, eles conseguem sorrir se afetuosos, carinhosos, nos abraçam", disse.   

Foto por Arquivo pessoal
A missão São Paulo VI iniciou no país da Guiné-Bissau, África, em 2014, foram definidos três âmbitos de atuação: evangelização, saúde e educação

O padre Edson garantiu que voltou dessa missão diferente, que voltou mais humano e compadecido de seus irmãos.    

“Eu voltei diferente dessa missão, e disse que e eu me pego reclamando de qualquer coisa eu mereço dar uma surra em mim mesmo. Diante de uma realidade tão triste que a gente encontrou lá. Eu voltei mais humano, eu creio. Mais compadecido em saber que aqui embora tenhamos nossos problemas e dificuldades tudo é pequeno, diante daquilo que aquele povo passa. Estamos no paraíso aqui”

- Edson Zamiro, padre

 A escola da Missão São Paulo VI  

A missão São Paulo VI iniciou no país da Guiné-Bissau, África, em 2014, foram definidos três âmbitos de atuação: evangelização, saúde e educação. Os primeiros missionários enviados, logo começaram o trabalho de evangelização e a colaborar na saúde, ajudando no pequeno hospital da cidade de Quebo, precário em todos os aspectos, e também atendendo as pessoas da comunidade, com curativos e primeiros socorros.   

A educação, inicialmente, era o sonho de construir uma escola no terreno da missão para poder oferecer ensino às crianças e jovens. Esse sonho foi amadurecido, projetado e começou a ser concretizado no ano de 2019, com a construção física da escola. Ao mesmo tempo, professores voluntários no Brasil, em conjunto com educadores guineenses, começaram a construir o projeto político pedagógico da escola.   

A escola está projetada para atender desde o jardim de infância até o ensino técnico. Para isso, escutando a realidade guineense, estão sendo construídos 3 blocos. O projeto arquitetônico foi realizado, voluntariamente, pela arquiteta da diocese de União da Vitória, Letícia Surmas.    

Como a educação é uma necessidade emergencial no país da Guiné-Bissau, os bispos do Paraná decidiram que a escola iria começar com o jardim infantil e ir progredindo, a cada ano, com uma nova etapa.    

A construção e manutenção da escola  

Para construir a escola foram necessários, além de forças humanas e missionárias, também de recursos financeiros. Por isso, a Igreja do Paraná lançou, em setembro de 2019, uma Ação Missionária, a fim de envolver todos os cristãos católicos na causa. Devido às adversidades causadas pela pandemia da Covid-19, a ação estendeu-se até a Páscoa de 2022. No entanto, as obras prosseguiram e a escola começou a funcionar. Hoje, o projeto dos três blocos está 90% concluído.  

O desafio para os próximos anos será manter a escola funcionando, oferendo uma educação de qualidade às crianças guineenses. Para isso, muitos benfeitores continuam a ajudar financeiramente a escola.   

Foto por Arquivo pessoal
A missão São Paulo VI iniciou no país da Guiné-Bissau, África, em 2014, foram definidos três âmbitos de atuação: evangelização, saúde e educação