Da sala de aula, direto para o canteiro de obras. Formada em pedagogia, a apucaranense Jeane Santos de 38 anos não leciona mais. Agora ela trabalha como pedreira e afirma: lugar de mulher é a onde ela quiser.
Há um ano Jeane trabalha em obras com o marido e garante que está realizada profissionalmente. “Eu gostava de lecionar, eu tinha amor, mas não como amo trabalhar na construção. Muitas pessoas me falam, nossa que dó, você trabalhando em uma obra, não quer trabalhar em outro emprego? Outras pessoas perguntam se estamos precisando de mão de obra, pois acham que pelo fato de eu ser mulher estou apenas ‘tapando um buraco’. Eu sempre respondo, eu amo minha profissão, não quero outro emprego,” conta.
Jeane se espanta que, em pleno século XXI, algumas pessoas não entendem como uma mulher pode trabalhar em uma obra como pedreira. “Não vejo que é uma profissão só para homens. Não existe esse negócio de profissão de mulher ou homem. Todas nós somos capazes, a mulher e o homem são todos capazes. O que vale é ser um bom profissional, trabalhar com responsabilidade e com muito amor no que se faz,” explica.
Mesmo debaixo do sol quente, batendo massa e assentando tijolos, Jeane não deixa a vaidade de lado. Em baixo das luvas que usa está as unhas esmaltadas e ela sempre está com um batom no rosto. “A vaidade existe sempre. Maquiagem, creme no cabelo, faz parte da minha rotina como mulher. Eu vejo como uma profissão normal. E existe um respeito muito grande entre os colegas de trabalho,” detalha.
A pedreira ainda garante que sabe fazer praticamente tudo em uma obra e além de construções em Apucarana já trabalhou em Cambira. “Faço muitas reformas, sei assentar pisos, reboco, bater massa, enfim, já fiz quase tudo. A única coisa que não fiz sozinha é o madeiramento em um telhado. Não considero nada pesado. Algumas mulheres me falam que eu sou um exemplo e eu fico muito feliz por isso, mas pra mim é super normal trabalhar como pedreira é o que eu amo fazer e quero continuar fazendo,” finaliza.