Quarenta e seis pessoas perderam a vida no ano passado vítimas de suicídio na região. O número de vítimas na área da 16 Regional de Saúde (RS) de Apucarana ultrapassa com folga as perdas por homicídios – foram 33 assassinatos – e acende o alerta para maior necessidade de ações preventivas. Esse é mote da campanha “Setembro Amarelo”, realizada desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).
Dos 16 municípios da área da regional, nove registraram suicídios no ano passado. Neste ano, sete municípios já somam 24 mortes. Os dados são alarmantes e reforçam que o suicídio é um assunto que deve ser dialogado nas famílias. A psiquiatra Priscilla Maistro, de Apucarana, diz que o suicídio sempre esteve presente ao longo da história da humanidade, além de ser um comportamento complexo e multifatorial, resultando da interação de fatores psicológicos e biológicos, genéticos, culturais. “O ato deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo. É a consequência final de um processo”, ressalta.
A psiquiatra diz que o reconhecimento dos fatores de risco para o suicídio é fundamental para ajudar o profissional da saúde a determinar os pacientes em risco e estabelecer estratégias de prevenção. “Sabemos que pacientes que já tentaram têm mais chances de uma nova tentativa, assim como a presença de um transtorno mental como a depressão, principalmente se não tratada. Os pacientes com sentimentos de desesperança, desamparo, desespero, além de comportamentos impulsivos, são fatores de risco”, reforça.
A pandemia, reforça a médica, que trouxe complicadores como isolamento social, medo, desemprego e todas as restrições com a nova rotina, tem provocado um aumento do diagnóstico de novos quadros psiquiátricos e agravamento dos casos pré-existentes. “Sabemos que a maioria das pessoas que tenta suicídio possui um diagnóstico de algum transtorno mental, portanto é possível sim que o efeito da pandemia nos traga um aumento do adoecimento mental e inclusive dos casos”, esclarece.
O pensamento suicida, de acordo com Priscilla, é o sinal de alerta para buscar ajuda com urgência. “O suicídio é uma emergência médica, séria e muito grave. Se alguém pensa em suicídio, precisa informar seus familiares e amigos sobre esses pensamentos, e todos então devem agir e garantir que essa pessoa imediatamente receba tratamento e suporte de uma equipe de saúde mental, seja no Pronto Socorro, nas UBS, UPA, CAPS, Ambulatórios de Saúde Mental e Psiquiatria”, complementa.