A moradora de Apucarana (PR), Mariana Costa Barreto, 27 anos, relatou momentos de calor, desorganização e tensão vivenciados na última sexta-feira (17), durante o show da cantora Taylor Swift, na primeira apresentação da The Eras Tour, no Rio de Janeiro. A apucaranense estava na pista premium, mesmo setor onde também estava Ana Clara Benevides, de 23 anos, que morreu após passar mal durante a apresentação da artista americana.
Os percalços começaram ainda na fila para entrar no Estádio Olímpico Nilton Santos, o Engenhão. Mariana e duas amigas chegaram por volta das 10h40 para conseguirem um bom lugar no show e enfrentaram um dos dias mais quentes do Rio de Janeiro. Segundo a estação meteorológica do Sistema Alerta Rio a sensação térmica era de 59,3 graus.
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A apucaranense conta que as filas quilométricas seguiam desorganizadas e o calor extremo afetava muitas pessoas. “Na fila mesmo muita gente já passando mal, ambulâncias passando o tempo inteiro, água sendo vendida por R$ 5 a R$ 8 reais por vendedores ambulantes, cheguei a ver um leque ser vendido a R$ 100 reais”, relata.
Foram quase seis horas na fila sob sol escaldante até conseguirem entrar no estádio. Mariana pensou que o pior havia passado, entretanto a organização do evento instalou tapumes no estádio para impedir a visualização externa da apresentação. A medida, entretanto, bloqueou completamente a ventilação. “Quando a gente achou que o maior perrengue tinha acabado, que foi a fila no sol, a gente entrou dentro de uma estufa. Pessoas da organização da Taylor passaram mal e alguns deles distribuíram água para quem estava na grade. Ela (Taylor) mesmo chegou a parar o show por conta disso, no meio de uma música entregou água para uma fã. Minha amiga viu gente vomitando, porque no desespero de não poder entrar com qualquer outro tipo de comida além de barrinha de cereal, comeu durante a fila”, relata.
Mariana conta ainda que muitas pessoas sofreram queimaduras ao encostarem nas grades de alumínio da pista prêmio, porque a estrutura passou o dia recebendo sol. “Fomos para fila conscientes de que iríamos enfrentar alguns percalços, mas nada comparado ao que a gente passou. Foi muito triste acompanhar as notícias que saíram, da forma que a organização tratou os fãs que pagaram caro por esse ingresso”, lamenta.
MORTE DE FÃ
Embora estivesse no mesmo setor que Ana Clara Benevides, a apucaranense relata que só naquela área estavam mais de 20 mil pessoas e que ela não visualizou a menina passando mal. “Não notei nada específico dela, mas notei movimentações no geral de pessoas sendo carregadas até os postos de atendimento. Nos postos de atendimento, eles medicavam as pessoas com clonazepan, como se fosse ataques de pânico, ansiedade, “meninas histéricas”, sendo que a galera só estava sofrendo com calor e desidratação”, comenta.
Mesmo fá e defensora assídua, Mariana critica a “inércia” da cantora diante da morte de uma fã. “Vi a nota que ela lançou sobre o falecimento, mas acho que deveria haver uma homenagem durante o show desta segunda-feira (20) (ontem ela cantou uma música sobre luto e perda - bigger than the hole sky) e que a equipe dela já deveria ter oferecido algum suporte para família. A Taylor é conhecida por ter uma forte ligação com os fãs e bater de frente com gravadores e empresas, por isso fico surpresa pela inércia dela e da equipe nessa situação. Achei que algo estaria sendo feito nos bastidores, mas a própria família da Ana Clara disse que não foi contatada”, critica.
Apesar da péssima organização, Mariana elogia o show, que embora tantos transtornos, proporcionou momentos felizes durante a apresentação. “Apesar de tudo isso, eu preciso falar que nunca me senti tão feliz igual me senti no show. Foram 3h30min de um espetáculo. O show, apesar da organização, foi tudo que eu imaginava e muito mais. Só não pegaria pista nunca mais, ou não chegaria cedo”, comenta.