Apucarana debate distribuição de remédios à base de canabidiol; vídeo

Autor: Da Redação,
terça-feira, 05/12/2023
Cannabis medicinal é indicada para tratamento de várias doenças

A Câmara de Vereadores em Apucarana discute nesta quinta-feira (7), em audiência pública, às 19 horas, a oferta da cannabis medicinal gratuitamente na rede municipal de saúde. A reunião foi proposta pelo vereador Tiago Cordeiro (MDB), que defende a democratização do acesso a tratamentos com a planta medicinal na cidade. (Veja reportagem em vídeo no final do texto)

“Esse tema é tão importante e já existe uma ampla discussão em vários municípios sobre saúde pública envolvendo o canabidiol, que tem vários benefícios terapêuticos comprovados para diversas patologias, como fibromialgia, mal de Parkinson, Alzheimer, epilepsia, espectro autista, dores crônicas, esclerose múltipla, ansiedade e depressão. São várias patologias onde a cannabis medicinal tem sido comprovadamente eficaz em tratamentos e regenerações”, explica o vereador.

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Conforme Tiago Cordeiro, a intenção é ampliar o diálogo e esclarecer sobre os benefícios terapêuticos da planta, visando ajudar quem precisa e sente dor.

"Hoje, a grande dificuldade da população é ter acesso ao medicamento, pois não está incluído na lista do SUS. Além disso, há uma grande falta de profissionais capacitados para prescrever o medicamento. Por ser um tratamento muito caro, as pessoas têm que judicializar. É um processo muito burocrático e demorado. Eu sempre digo: quem tem dor tem pressa”, observou.

O vereador também salienta a importância da participação da comunidade na audiência pública, visando implementar a cannabis na lista dos medicamentos gratuitos do município. “Você que faz o tratamento com a cannabis medicinal ou conhece alguém que faça, venha participar conosco da audiência”, convoca. 

A coordenadora comercial Amanda Góis de Oliveira, 29 anos, tem epilepsia e utiliza a cannabis medicinal em seu tratamento. Diagnosticada aos 25 anos, Amanda conta que começou a ter várias crises e passou por diversos médicos que não a diagnosticaram logo de início. Foi quando um neurologista de Londrina encontrou a causa das crises e ela foi diagnosticada com epilepsia G 40.  

"Os médicos aqui da região de Apucarana não diagnosticaram o meu problema e me davam anticonvulsivos tradicionais, mas não surtiram efeito nenhum. Procurei um neurologista na cidade de Londrina e lá fui diagnosticada com epilepsia G 40", disse.

Antes de iniciar o atual tratamento, a coordenadora comercial passou por diversas medicações, até que decidiu pesquisar mais e encontrou a cannabis medicinal. “Comecei a ler e buscar o melhor tratamento na internet e aí que vi a cannabis medicinal. Procurei vários neurologistas; nenhum quis receitar. Primeiro, eles queriam testar os remédios que havia nas farmácias. Mas não me conformei, até porque esses medicamentos tradicionais dão muitos efeitos colaterais, e eu não conseguia ter uma qualidade de vida boa. Uma colega de São Paulo me indicou o neurologista de lá, o Dr. Giovanni Massa, e ele receitou o óleo de canabidiol”, contou.

Amanda frisa que começar a medicação fora dos padrões da sociedade fez com que ela tivesse mais qualidade de vida e se tornasse uma pessoa mais funcional.

“A cannabis mudou minha vida. Hoje em dia sou uma pessoa bem mais ativa, minhas crises são bem controladas, a questão de ansiedade voltou ao normal. A cannabis medicinal foi um divisor de águas na minha qualidade de vida, não só no tratamento da epilepsia, mas em outras questões também. O melhor de tudo é que é natural, não tem efeito colateral, e os benefícios, nas primeiras semanas, já podem ser notados. Já fiquei oito meses sem nenhuma crise convulsiva”, comemora.

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Outro ponto importante é a polêmica em torno do acesso mais fácil e gratuito a quem precisa. “Para quem precisa da cannabis medicinal, essa polêmica é terrível. Nós temos a informação de que ela ajuda na vida das pessoas em diversos tratamentos, e o preconceito é muito grande. Então, informar as pessoas e fazê-las abrir a mente é crucial. Não é uma droga; é um medicamento, e as pessoas precisam entender que essa banalização prejudica quem realmente precisa. Principalmente as pessoas próximas, que acham que estamos nos drogando, quando, na verdade, o canabidiol é mais saudável que um dipirona, por exemplo”, lamentou.

O processo para conseguir o medicamento é bastante burocrático, como explica Amanda. “Primeiro, eu precisei da autorização da Anvisa; depois, eu fiz uma procuração para um laboratório dos Estados Unidos. Importo de lá, e hoje, colocando em reais, o valor do medicamento sai na faixa de R$ 390. O frasco dura 40 dias dentro do meu tratamento. Mas os gastos são bem maiores; tem a consulta com neurologista porque aqui na região nenhum médico do SUS receita essa medicação, além dos outros tratamentos que envolvem. Então, é um tratamento caro”, disse.

A audiência pública que discute sobre a cannabis medicinal e a possibilidade do medicamento entrar na lista de medicamentos gratuitos do município anima e deixa Amanda esperançosa. “Isso seria excelente. Na verdade, é um sonho não só para mim, mas para tantas pessoas que precisam e não têm conhecimento, até mesmo não têm condições de ir atrás dessa medicação. E o fato de colocar isso em pauta desmistifica toda essa questão da cannabis. Também é muito importante ressaltar o preparo dos profissionais da saúde para poder receitar esse medicamento. Então, é uma pauta importantíssima, e acredito que até demorou um pouco para ser discutida”, finaliza.

Entrevista:

Uma audiência pública acontece nesta quinta-feira (6) na Câmara Municipal de Apucarana para tratar o assunto.#apucarana #cannabis TnOnline TV
 

Por Lis Kato