Professores decidiram manter a greve durante assembleia realizada na quinta-feira (1º), na Universidade Estadual do Paraná (Unespar). De acordo com informações apuradas junto aos docentes do campus Apucarana, uma nova assembleia deve ser marcada na próxima semana, mas a data ainda não está certa.
A pauta dos professores é composta pelo reajuste salarial previsto na constituição nacional, arquivamento do projeto de Lei Geral das Universidades e nomeação de professores aprovados em concursos.
"Em especial esse último item de pauta, ou seja, a não nomeação de professores concursados sucateia as universidades há muito tempo. Anualmente elas são reféns do governador, pois precisam aguardar sua aprovação em cada início de ano, via decreto, da autorização de carga horária para contratação de professores em regime de trabalho temporário", afirma o coordenador do curso de Matemática da Unespar Apucarana, professor Sérgio Dantas.
Dantas considera ainda que o contrato temporário é uma forma de sucateamento da força de trabalho de um trabalhador (professor) especializado. "O professor temporário não tem as mesmas condições que os efetivos, não tem os mesmos direitos trabalhistas e, geralmente, sua carga horária para pesquisa é reduzida. Esse professor concentra boa parte de sua atividade em sala de aula. É tratado como se fosse um professor horista o que desloca completamente sua função social em relação às comunidades que contribuíram com sua formação", observa.
Contudo, Dantas pondera que as universidades necessitam de professores temporários porque o governo não autoriza nomeações de concursados para que professores colaboradores e professores desempregados, ambos aprovados em concursos públicos, se tornem professores efetivos.
"Em outras palavras, mesmo diante de tais condições, de tais mal tratos, esses profissionais são necessários e fundamentais ao funcionamento das universidades paranaenses", afirma.
Segundo ele, na Unespar Apucarana há cursos que perderão 70% do quadro docente se o governador efetivar suas intenções. No curso de Matemática, por exemplo, terá um desfalque de 30% do corpo docente.
"Os professores estão sem a reposição da inflação há 4 anos, o que passará de 20% ao final deste ano. Pedem a volta da data base para primeiro de maio, como sempre foi, com um planejamento para a recomposição das perdas e a recomposição imediata da inflação dos últimos 12 meses. Além da necessidade de recompor seu quadro funcional", reitera o professor do departamento de economia, Paulo Cruz.
UEL E UENP SUSPENDEM GREVE
Na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e na Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp), os professores decidiram suspender a greve iniciada no fim de junho. As aulas retornam a partir da próxima segunda-feira (5).
A decisão foi tomada em assembleias realizadas na noite da última quarta-feira (31/07). A decisão veio dois dias após a reunião entre o governo e representantes as instituições estaduais de ensino superior, na qual foi acertada a contratação de professores temporários para o segundo semestre.
A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) decidiu pela retomada do calendário no dia 25 de julho
AUTORIZAÇÃO DE HORAS
Na segunda-feira (29), o Governo do Paraná autorizou a contratação de horas para professores temporários de cinco universidades estaduais, após reunião com os reitores. Antes, o governo havia manifestado que não iria autorizar a contratação de professores temporários para o segundo semestre, sob alegação de que as instituições teriam gastado demais com horas extras sem autorização. Entretanto, parte das universidades argumentaram que, sem os professores temporários, alguns cursos ficariam sem aulas.
Sobre a liberação das contratações, a Unespar informou as 10.500 horas já é um número que havia sido pedido no final de 2018, mas não havia sido atendido. De acordo com a instituição, as horas autorizadas possibilitam administrar os processos da universidade.