Professores realizam aula pública sobre a greve na Unespar, em Apucarana

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 11/07/2019
Aula pública explicou sobre o movimento de greve, na quarta-feira (11), na Unespar Apucarana. Foto: Cindy Santos

Professores realizaram uma aula pública na noite de quarta-feira (10), sobre o movimento de greve, na Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Apucarana. O encontro contou com a participação de alunos da instituição de ensino que puderam sanar dúvidas e entender melhor os motivos da paralisação dos servidores estaduais que já entra no 16º dia. 

Durante o encontro, os docentes fizeram uma linha do tempo explicando o histórico de greve e ressaltaram que a luta não se resume a reposição salarial, mas sim a uma luta em defesa da qualidade do ensino nas universidades públicas. O coordenador do Curso de Matemática, Sérgio Dantas, que integra o comando de greve, explicou de forma didática todos os itens da pauta como o arquivamento da Lei Geral das Universidades (LEGU).

"Essa lei geral visa destruir a universidade, visa que os alunos passem a curto prazo pagarem mensalidade e além disso alguns cursos correm sérios riscos de serem fechados. No caso o curso de Matemática, que é o curso que eu coordeno, corre sérios riscos de ser fechado se essa lei for aprovada. Porque os cursos serão avaliados por meritocracia e precisam ter uma porcentagem de formandos", assinalou.

(Professores fizeram uma linha do tempo sobre o histórico de greve dos professores do ensino público, no Paraná. Foto: Cindy Santos) 

Além do reajuste salarial de 17,04% (os professores estão há três anos sem a reposição da data-base), a pauta inclui a nomeação imediata dos professores aprovados em concurso público, abertura de novos concursos e a renovação dos contratos temporários. Atualmente, a Unespar Apucarana conta com 81 professores efetivos e 65 temporários. Ainda conforme o professor Dantas, alguns cursos podem perder professores no próximo semestre, pois o governo não sinalizou se renovará os contratos.

"Com greve ou sem greve o curso de Espanhol, por exemplo, perderá 70% dos professores. Precisamos que o governo realize concurso, contratação dos que foram nomeados e prorrogação dos contratos dos professores temporários", afirmou Dantas.

A coordenadora do curso de Letras Espanhol, professora Amábile Piacentini Drogui, lamentou que muitas pessoas da comunidade ainda desconhecem os motivos que levaram a categoria a deflagar greve. "Infelizmente algumas pessoas pensam que lutamos sem causa. Nós queremos que nossos alunos tenham um ensino de qualidade e que sejam bem formados. A sociedade precisa tomar conhecimento do que nós fazemos na universidade e da importância dessa instituição", destacou. 

Os docentes ressaltaram a importância do apoio da comunidade neste momento. Segundo o professor Marcos Dorigão, diretor do Centro de Ciências Humanas e Educação, o campus Apucarana possui 2 mil alunos, sendo que 1,2 mil (60%) moram no município. "Quantos alunos a instituição formou nesses 60 anos aqui em Apucarana?", observa. 

Na opinião do diretor do campus, professor Daniel Fernando Matheus Gomes, o movimento está criando corpo, apesar do esforço do governo em 'esvaziar' a greve. Ele destacou que, embora a categoria tenha aderido a paralisação, todos os dias acontecem atividades no campus. "Todos os dias o movimento grevista se reúne no campus para uma atividade diferente", reitera.

Conforme o coordenador do Curso de Serviço Social, professor Valdir Anhucci, ainda não há data para uma nova assembleia para decidir os rumos da greve. "Só podemos chamar uma assembleia e falar sobre a continuidade ou não, quando o governo apresentar uma proposta. Até o momento não tem uma previsão, no máximo reuniões informativas. Mas assembleia para deliberar sobre questões da greve somente após uma proposta do governo", afirmou. 

Nesta quinta-feira (11), será realizado um debate com a participação do deputado estadual Arilson Chiorato, às 19 horas no Auditório José Berton.