Intérprete de libras ajuda a evangelizar surdos

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 12/10/2016
Fabíola Zappielo interprete de libras. Foto: José Luiz Mendes

Quem participa das missas de sábado à noite da Catedral Nossa Senhora de Lourdes, de Apucarana, já deve ter observado a intérprete de Libras, Fabíola Zappielo. A apucaranense fica no cantinho esquerdo do altar interpretando por sinais a celebração religiosa. 

Fabíola é professora do primário em escolas municipais e foi sorteada, em 2008, para estudar a Língua Brasileira dos Sinais. Até então, ela não tinha nenhum contato com surdos. Foi uma identificação imediata com a Libras. “É um dom de Deus que se manifestou na minha vida”, afirma. Além de lecionar na rede municipal, Fabíola também é professora de Libras no campus de Apucarana da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Hoje pós-graduada e especialista na área, ela afirma que decidiu atuar nas missas como voluntária para agradecer essa iluminação na sua vida, que foi trabalhar com os surdos.

“É uma doação por ter o prazer de trabalhar com pessoas tão especiais”. A apucaranense conta com a ajuda de mais seis pessoas, que se revezam em alguns sábados na igreja e atuam como apoio na interpretação de Libras. Para Fabíola, a inclusão dos surdos na sociedade ainda é algo um pouco distante da realidade. “Cada dia é um desafio. Percebo que meus alunos, nos primeiros dias de aula, ainda questionam: por que temos que aprender Libras? Isso é muito triste”, lamenta. A professora explica que a inclusão do surdo começa a partir do momento que ele pode estudar e se profissionalizar. “O surdo, por exemplo, pode tirar carteira de habilitação. 

O sentido da visão dele é muito mais aguçado do que o nosso”, reforça. A professora comenta sobre a primeira igreja para surdos que está em fase de construção em Londrina, a Nossa Senhora do Silêncio, da congregação Pequena Missão para Surdos. Seria a primeira do mundo. “Todos que vão participar são surdos”, ressalta. Para o Monsenhor Roberto Carrara, pároco da Catedral, o trabalho que Fabíola desempenha é de extrema importância para a evangelização. 

“É uma oportunidade para que os surdos participem da missa e recebam a palavra de Deus. O trabalho de evangelização da Fabíola é maravilhoso”, elogia o padre, que diz que o número de deficientes auditivos varia bastante durante as missas de sábado. Sobre a inclusão dos surdos na Igreja Católica, Carrara acredita que ainda seja limitado. “Para o nível que é nossa Diocese, ainda é muito pouco”, lamenta.