O Brasil é um país muito diverso, o que gera uma identidade única a cada município. Contudo, em Apucarana, surge uma peculiaridade que não é motivo de orgulho: o ensurdecedor rugido das motocicletas equipadas com escapamentos alterados, que reverbera pelas ruas. Contrapondo-se à "nervosa calmaria", poeticamente descrita por Lobão em "Canos Silenciosos", essa atmosfera sonora tem sido fonte de perturbação e desassossego para muitos.
O que motiva uma pessoa a alterar o escapamento original de sua moto? Para uma parcela desses indivíduos, esse ronco estridente representa mais do que um simples ruído: é percebido como uma manifestação audível de rebeldia, um distintivo de pertencimento a um grupo ou até mesmo um questionável símbolo de status. No entanto, para a vasta maioria da população, este “concerto” soa menos como sinfonia e mais como clamor discordante que interrompe a serenidade do ambiente urbano.
Os motoboys e entregadores são frequentemente associados a essa prática, principalmente pelo volume de motos em atividade no serviço de entrega. Se por um lado, eles são os protagonistas da nossa economia em movimento, por outro, quando equipados com canos barulhentos, tornam-se agentes do estresse urbano.
Outro aspecto preocupante é a possibilidade de que muitas dessas motocicletas estejam com documentação e recolhimento de impostos irregulares. Esse fato não apenas potencializa os riscos no trânsito, mas também evidencia uma problemática mais ampla de descumprimento de responsabilidades cívicas. É essencial que haja uma fiscalização rigorosa, não apenas focada no ruído excessivo, mas também na regularidade dos documentos e no recolhimento dos impostos devidos.
Diante deste panorama, surge uma proposição audaciosa: e se os habitantes de Apucarana decidissem deliberadamente não comprar de empresas que empregam motoqueiros com motos barulhentas? Adotando esta postura, não apenas impulsionaríamos o comércio local a rever e aprimorar suas práticas, mas também plantaríamos a semente para uma profunda transformação cultural. Uma metamorfose que priorize o bem-estar coletivo, relegando a segundo plano o capricho sonoro individual.
Embora muitos motoqueiros demonstrem consideração pelo bem coletivo, não se pode ignorar que um contingente significativo contribui para a crescente cacofonia de nossas vias urbanas. Diante da gravidade desta questão, é vital que as autoridades redobrem seus esforços de fiscalização. Neste contexto, a Polícia Militar e os Agentes de Trânsito desempenham um papel primordial. A responsabilidade destes órgãos transcende a simples vigilância e penalização dos infratores. Há uma necessidade premente de promover campanhas de sensibilização, elucidando sobre os impactos prejudiciais do barulho exacerbado e fomentando a regularização dos veículos.
A canção de Lobão evoca uma atmosfera de tranquilidade proporcionada pelos canos silenciosos, pintando um retrato lírico do silêncio. Entretanto, em Apucarana, assim como em inúmeros outros municípios, anseia-se não apenas por uma paz sonora, mas por uma paz genuína, enraizada no profundo respeito e consideração pelo bem-estar alheio.
Chegou a hora de nós, cidadãos de Apucarana, nos unirmos em um propósito comum. Lançamos um apelo contundente: “optem por não comprar de empresas que utilizam motos barulhentas em seus serviços de entrega!” Com nossa coesão e determinação, temos o poder de refinar a paisagem sonora de nossas vias e cultivar um ambiente urbano mais equilibrado e agradável para cada um de nós.