Hoje é fundamental ter muita cautela antes de compartilhar links ou de fundamentar argumentos e pautar debates com base em informações obtidas em redes sociais. O feed de notícias do Facebook (espaço em que o conteúdo compartilhado aparece para os contatos) se transformou em uma grande vitrine para mediocridades e inverdades sensacionalistas. Uma delas provocou pânico recentemente. Segundo postagem no canal do You Tube Section 51 2.0 (recorrente em montagens), a NASA teria sido chamada para explicar a presença de um suposto quadrado negro gigante misterioso ou "cubo" manchado aparentemente em órbita em torno do Sol em uma imagem obtida pela sonda Solar Heliospheric Observatory (SOHO), em 2 de maio de 2016 (clique aqui e veja o vídeo).
Conforme o UFO Blogger Scott Waring, que relatou a "descoberta" em um post para o seu blog datado de maio de 2016, inclusive com foto, a NASA estaria supostamente usando um cubo preto para encobrir uma nave alienígena que apareceu em uma imagem SOHO do Sol. A divulgação do vídeo e de fotos gerou muito burburinho e até histeria. Mas pouco tempo depois especialistas em vídeos do espaço sideral constataram que tudo não passava de uma grande farsa, com o objetivo de chamar a atenção na internet.
Porque boatos são compartilhados?
Muita gente se pergunta: o que impulsiona tantas pessoas a compartilhar boatos e bobagens nas redes sociais? O que impede parcela significativa dos usuários de checar se a informação é verdadeira ou ao menos de suspeitar dela e não passá-la adiante sem confirmação da veracidade? Parte da explicação está na essência comportamental dos seres humanos. A predileção da raça humana por boatos e lendas vem de eras anteriores à invenção do computador e da internet.
"A maioria das pessoas não tem a cautela recomendável nas redes sociais e na internet em geral. O ser humano tem uma tendência intrínseca de distorcer os fatos e hoje há um fator tecnológico que contribui acentuadamente e potencializa estrago provocado por essa característica humana: o Facebook", afirma o psiquiatra paranaense Narciso Marques Moure.
Orson Welles e a “Guerra dos Mundos”, em 1938
Histórias inventadas, por sinal, não são exclusividade dos dias atuais. Para Halloween (Dia das Bruxas) de 1938, Orson Welles dirigiu uma peça de rádio inspirada na história “Guerra dos Mundos” (clique aqui e veja vídeo) de H.G. Wells, o clássico sobre uma violenta invasão alienígena (e que virou até filme em 1953 e depois em 2005). Para gerar mais suspense, o programa foi anunciado na rádio de forma diferente, como um boletim de notícias urgente, que informava sobre uma suposta invasão alienígena.
O resultado foi pânico geral no público, que realmente acreditou na notícia e saiu às ruas em desespero, fugindo de suas casas para salvar suas vidas. O ar de tensão criado pela Segunda Guerra Mundial recebeu apenas parte do crédito para o tumulto, em que cerca de dois milhões de pessoas estavam convencidas de que a “Guerra dos Mundos” era mesmo uma notícia real ao invés de uma obra de ficção.
Marcado como farsa
O mal-entendido aconteceu porque muitas pessoas sintonizaram na hora em que falava da invasão sem ouvir a parte na qual era relatado que trata-se de uma história fictícia, pois a rádio de fato avisou. Mesmo assim, muitas pessoas entraram em pânico e, por isso, esse acontecimento ficou marcado como uma farsa, meio sem querer, mas ficou, principalmente na memória de quem o presenciou.
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