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Cidade natal de Messi expõe lembranças e espera por retorno do jogador

ALEX SABINO, ENVIADO ESPECIAL ROSÁRIO, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Ninguém acreditou quando Lionel Messi entrou no restaurante El Club da Milanesa, no centro de Rosário, em 2015. Pediu o prato que dá nome ao local, comeu, pagou a conta e foi embora. Foi um d

Da Redação

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Publicado em 08.09.2017, 05:00:09 Editado em 08.09.2017, 05:00:09
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ALEX SABINO, ENVIADO ESPECIAL

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ROSÁRIO, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Ninguém acreditou quando Lionel Messi entrou no restaurante El Club da Milanesa, no centro de Rosário, em 2015. Pediu o prato que dá nome ao local, comeu, pagou a conta e foi embora.

Foi um dos raros encontros do jogador eleito cinco vezes o melhor do mundo com a "vida normal" da cidade onde nasceu. Rosário sabe muito pouco da vida fora de campo do seu filho mais ilustre, que a deixou para viver em Barcelona aos 13 anos.

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"Se Leo [Messi] tivesse ficado no Newell's Old Boys, quanto tempo mais levaria para outro clube europeu comprá-lo? Ele saiu menino em formação, vai voltar como jogador completo", diz o médico Diego Schwarzstein, endocrinologista que descobriu a necessidade de tratamento hormonal de crescimento para a criança de então 10 anos.

Ele é um dos poucos na cidade a acreditar no mito de que Lionel prometeu voltar para atuar pelo Newell's.

O povo de Rosário é indiferente ao seu filho dileto porque o vê pouco em carne e osso. A família tem restaurante na cidade, o café Vip. A última vez que o atacante esteve no local foi em 2014, antes da Copa. Assinou uma foto com a imagem do troféu da Fifa e escreveu "prometo trazê-la".

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A Argentina perdeu a final para a Alemanha por 1 a 0.

"Se Leo anuncia que estará em algum lugar, será um tumulto. Esperam demais dele", reclama o meia Lucas Scaglia, amigo de infância de Messi e primo da mulher dele, Antonella Roccuzzo.

Todos os anos Messi passa férias na cidade de 989 mil habitantes. Fica em uma das duas mansões em condomínios fechados que possui. Também é dono de um par de andares em torre de escritórios ao lado do Rio Paraná.

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A casa da sua infância, na Estado de Israel, uma rua estreita na periferia sul, ainda pertence a seu pai, Jorge. Nela reside Matías, irmão de Lionel e ovelha negra da família. Já foi preso duas vezes por porte ilegal de armas. A imprensa divulgou fotos dele com traficantes do cartel de Los Mono, que controla a venda de drogas em Rosário.

O sobrado de dois andares, com paredes carecas à espera de pintura, estava com portas e janelas fechadas. A reportagem tocou a campainha, mas ninguém atendeu. Uma vizinha disse que Matías estava em viagem.

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A região, pobre e controlada pelo tráfico, é dominada, no futebol, pelo Central Córdoba, hoje na Primeira C, a quarta divisão argentina.

Não que Lionel seja insensível aos problemas locais. Fez doações para o Grandoli, seu primeiro clube. Ajuda a financiar a construção de um museu do futebol, obra que acontece a 500 m da casa onde morou. Pagou pelo prédio erguido para abrigar jogadores da base do Newell's. E também criou a Fundação Lionel Messi, que realiza trabalho social com crianças.

FILHO PRÓDIGO

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A história da volta para encerrar a carreira não é a única lenda sobre Messi em Rosário. Ainda nas categorias de base do Newell's, ele teria anotado 500 gols.

"Não sei se é verdade. Mas, se não foi isso, chega perto. Ele era uma máquina", diz Franco Falleroni, um dos melhores amigos, na época, do hoje atacante do Barcelona.

"Máquina", na verdade, é o apelido daquela equipe de jogadores nascidos em 1987 que, com o passar do tempo e por causa de Messi, ganhou contornos mitológicos. Como se jamais tivesse perdido.

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"Perdemos poucas vezes", afirma Sergio Maradona, 29, um ano mais novo, mas chamado para atuar no time.

A curiosidade era tanta sobre os garotos que jogavam o que é chamado de "baby futebol" (com sete de cada lado) que a Associação Rosarina fez a contagem. Messi anotou, entre março de 1994 e outubro de 1999, 234 gols.

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Todos os meninos daquele time até hoje são lembrados porque dividiram vestiário com o mirrado atacante que anos depois seria um dos maiores jogadores da história. Do elenco original da máquina de 87, todos já completaram 30 anos em 2017 ou estão prestes a isso. Messi atingiu esta idade em 24 de junho. Quando chegou ao clube, estava com sete.

"Ele tinha jeito de mais jovem do que isso. Com Leo, aquele time era imbatível", lembra Sergio Almiron, ex-diretor da base do Newell's.

A equipe foi tão especial na memória de Rosário e marcou tanto a vida de seus integrantes que cada um, quando questionado, tira da manga uma história pessoal com Messi. Como a semifinal contra o Rosario Central, decidida nos pênaltis. A última cobrança ficou para Lionel. Se fizesse, o Newell's venceria.

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"Foi a única vez que pensei vê-lo nervoso", diz Gerardo Grighini, outro batedor.

Ele estava certo. Anos depois, Lionel confessou que aquele foi o único momento em que tremeu em uma partida de futebol. Mas fez o gol.

Eles ficaram três anos invictos. Em seis temporadas, tiveram quatro derrotas. A Associação Rosarina impôs limite. Se qualquer time abrisse seis gols de vantagem, o jogo acabaria. A regra nasceu por causa da "máquina".

"Messi era criança comum. Essa imagem de timidez é bobagem", lembra Bruno Milanesio, que atuava como meia.

As histórias que mais divertem os ex-colegas são as de viagens para torneios em outras cidades. Sempre faltava dinheiro. A solução era pedir moedas na rua. Lionel era sempre quem tinha mais sucesso, por causa da expressão de carente que fazia.

"Leo só ficava tímido quando Antonella aparecia", se diverte Scaglia, lembrando que o garoto corava cada vez que via a garota que, anos depois, seria mãe de seus dois filhos.

Na estreia, em 9 de abril de 1994, quando fez quatro gols contra o Pablo VI, ele impressionou não apenas pelos dribles ou gols. Lionel jamais se intimidava com faltas.

Não se enervou nem com o estádio Marcelo Bielsa lotado. O time deu a volta no campo, após ser campeão em 1996, para saudar a torcida no intervalo de partida do profissional do Newell's. Os outros meninos empurraram Messi para o meio-campo e lhe jogaram uma bola. Ele começou a fazer malabarismos. O público viu aquele garoto magro e pequeno com a bola na cabeça e cantou:

"Maradona! Maradona!"

De seu consultório na rua Itália, centro de Rosário, o mesmo em que Lionel entrou em 1997 medindo apenas 1,25 m, Diego Schwarzstein dá de ombros para os descrentes. Para ele, são apenas infiéis.

"Leo vai voltar. Eu sei."

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