A investigação da Polícia Civil do Paraná que apura crimes de corrupção e fraudes em licitação na Prefeitura de Faxinal, no norte do estado, identificou transações bancárias com valores superiores a R$ 50 mil feitas por uma empresa prestadora de serviços municipais para um vereador. As análises, entretanto, ainda não foram esgotadas, por este motivo a polícia não informou o valor total dos repasses encontrados nas contas dos suspeitos.
A informação foi confirmada pelo delegado Thiago Vicentini, do Núcleo de Combate à Corrupção da Polícia Civil de Londrina, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (23), logo após o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão na operação que tem como alvos um vereador e servidores municipais suspeitos de receberam valores de uma empresa prestadora de serviços. O esquema teria ocorrido entre 2021 e 2022 com a movimentação de grandes quantias em dinheiro.
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De acordo com o delegado a investigação detectou um elo de relacionamento de cunho particular entre o vereador investigado com assessores. Foram identificadas diversas transferências bancárias realizadas pelos servidores para a conta do vereador.
“Nas análises bancárias detectamos repasses de valores muito significativos de um grupo empresarial de laboratório de análises clínicas, com certa representatividade em Faxinal, efetuando pagamentos tanto para o vereador quanto para um assessor. Em outras transações podemos detectar pagamentos para o assessor e repasses para o parlamentar”, informou.
"As análises bancárias ainda não se esgotaram, mas em contrato com valor de R$ 200 mil, outro de R$ 400 mil, detectamos repasses da empresa para o vereador na faixa de R$ 50 mil. São valores que podem sim fruto de corrupção, considerando outras evidências coletadas. Repasses da pessoa jurídica para pessoas públicas, no caso o vereador, durante a execução de contrato", acrescentou o delegado.
Na investigação, a polícia também encontrou evidências de que a empresa teria sido beneficiada em processos licitatórios que culminaram em contratações realizadas pela administração pública de Faxinal. Segundo o delegado, foram analisados contratos firmados entre 2021 e 2022 em que houve prestação de serviço da empresa com pagamentos efetivados no mesmo período.
“Além do crime de peculato que seria o desvio da verba pública, descobrimos uma outra frente criminosa, com atos de corrupção passiva e ativa, com objetivo de alcançar vantagem indevida e essa vantagem leva a crer seriam fraudes em licitações que culminaram com esse sucesso de contratos”, informou.
CÂMARA MUNICIPAL
Ainda conforme o delegado, durante a apuração a polícia identificou um esquema de retirada de parte dos salários na Câmara Municipal de Faxinal. O principal suspeito é o ex-presidente e ex-assessores.
Na época dos fatos o ex-assessor ocupava função de confiança na Câmara. Atualmente ele exerce cargo comissionado. “Conseguimos provar que há um vínculo de trabalho, já que o próprio vereador o nomeou o servidor que executava atividades secundárias. Valores aproximados a seu vencimento aportavam de maneira periódica na conta do parlamentar. Inclusive as investigações indicam que outros assessores teriam feito a mesma coisa”, afirmou o delegado.
O próximo passo da polícia será analisar o conteúdo dos materiais apreendidos ontem além de aprofundar no suposto envolvimento de outros suspeitos. Ainda conforme o delegado, outra empresa do ramo de materiais para construção está na mira da polícia pois há fortes elementos de fraude em contratos.
PREFEITURA DE FAXINAL EMITE NOTA
A assessoria jurídica da Prefeitura de Faxinal se manifestou por meio de nota sobre a operação. Confira na íntegra:
A Prefeitura Municipal de Faxinal informa que, na manhã desta quinta-feira (23/03), dois departamentos em específico, cadastro tributário e diretoria de governo, foram alvos de busca e apreensão por parte do DECOR – Polícia Civil. Todo acesso foi dado aos agentes e não houve recolhimento de documentos em razão de não serem localizados elementos que interessassem para a operação. A Prefeitura de Faxinal está à disposição das autoridades e informa que não foi citada e nem tem conhecimento da operação.
A reportagem tenta contato com o vereador investigado.
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