Com o fim das medidas restritivas impostas pela pandemia da Covid, quase todos os serviços retornaram à normalidade, menos o transporte intermunicipal. Em alguns municípios do Vale do Ivaí o problema se arrasta há muitos anos, onerando o poder público que tenta solucionar o problema daqueles que precisam se deslocar a outras cidades. Em outras cidades, o serviço reduziu no auge da pandemia e nunca mais se recuperou.
Em Ivaiporã, por exemplo, a oferta foi reduzida se comparado ao período antes da pandemia. Das três empresas que operavam na cidade, uma, que fazia a linha Ivaiporã/Cândido de Abreu, parou de operar. A Expresso Nordeste, que antes tinha seis linhas para Guarapuava e Londrina ficou apenas com três. Já a Viação Garcia, que antes operava com 11 linhas com trajeto para Maringá, Londrina e Curitiba, oferta apenas cinco linhas atualmente.
“Duas linhas que a gente percebe que faz bastante falta é para Campo Mourão e para Apucarana que hoje não tem mais. Se a pessoa precisa ir para Apucarana, por exemplo, tem que ir até Mauá da Serra e aguardar o ônibus para o destino final. Aí as pessoas desanimam, muitas vezes fazem vaquinha e vão de carro próprio. Uma pena que tenha diminuído as linhas, aqui na plataforma já chegou a parar oito ônibus cada vez”, relembra Alexandre Mendes, proprietário de uma loja de presentes e lembranças na rodoviária há 8 anos. “
Com menos ônibus rodando, aumenta a diferença de tempo entre as saídas. Ontem , o morador de Jardim Alegre José Ataíde da Silva precisava estar em Ivaiporã no início da tarde e perdeu o ônibus das 11 horas. “Achei que era às 11h30. Agora vou lá em casa pegar e ir de bicicleta. Não tem jeito de esperar até às 18h25. Com esses horários ficou difícil viajar de ônibus”, reclama.
FAXINAL
Os moradores de Faxinal que precisam se deslocar a outras cidades passam pelo mesmo transtorno, pois o município conta apenas com quatro linhas de ônibus, sendo duas para Apucarana e duas para Londrina, o que é insuficiente para suprir a demanda, segundo o secretário de administração, Francisco Alfredo Ferreira, o Ral.
De acordo com ele, o problema do transporte intermunicipal sobrecarrega os municípios. Em Faxinal, por exemplo, a demanda que não tem condições de se deslocar a outras cidades por meios próprios, acaba sendo remanejada para o transporte da Saúde Municipal. “A população acaba recorrendo ao poder público que, a medida do possível, remaneja essas pessoas no transporte da saúde. Então quem está sendo onerado é o município”, reitera.
Com poucas linhas de transporte e baixo fluxo de passageiros, a prefeitura decidiu remodelar a rodoviária, destinando parte do terreno para uso da Secretaria Municipal de Educação.
A falta de linhas já foi tema de várias reuniões de prefeitos da região junto a Secretaria Estadual e Infraestrutura e Logística e DER.
Novo Itacolomi está há oito anos sem transporte intermunicipal
Moradores de Novo Itacolomi que precisam se deslocar a outras cidades da região, e não têm meios próprios de locomoção, estão há oito anos sofrendo com o fim das linhas de ônibus intermunicipais. Segundo o prefeito, Moacir Andreolla, há certo desinteresse das empresas do setor em operar no trecho, pois segundo elas, a demanda é muito baixa e não cobre os custos das viagens, o que gera prejuízo. O problema já foi discutido inúmeras vezes em reuniões da Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi), contudo, até o momento nenhuma solução surgiu. “Uma empresa chegou a pagar a multa para romper o contrato alegando que o volume de passageiros é baixo. Também tentamos fazer uma parceria com uma empresa privada para fazer uma linha entre Itacolomi e Cambira, mas também não teve sucesso”, lamenta o prefeito.
Andreolla reforça a necessidade de instalar uma linha para atender moradores que trabalham em outras cidades, e também aqueles que precisam se deslocar para Apucarana, principalmente, seja para irem ao banco, ou utilizar outros serviços e até para fazer compras rotineiras. Outros municípios, como Grandes Rios, Rosário do Ivaí e Rio Branco do Ivaí também não contam com o serviço.
Deixe seu comentário sobre: "Retomada não chega ao setor de transporte de passageiros"