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FIGURA MÍSTICA

Quem foi João Maria, o famoso monge que também passou pela região

Profeta teria passado pelos municípios de Marilândia do Sul, Faxinal e Ivaiporã; saiba mais

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 24.06.2023, 10:08:00 Editado em 24.06.2023, 10:49:43
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A figura do monge João Maria está no imaginário do Paraná. Ele chegou ao Estado há quase dois séculos e sua presença ainda é marcante em várias cidades, incluindo do Vale do Ivaí. Percorrendo a pé municípios do Norte ao Sul do Paraná, esse homem místico fazia profecias, benzia as pessoas e mexia com os sentimentos da população rural da época. Além disso, o seu nome teve papel fundamental na Guerra do Contestado.

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Conforme estudo do Grupo de Trabalho de Turismo Religioso Adetur, há registros da passagem do monge João Maria em 46 municípios do Paraná, sendo três da região: Faxinal, Ivaiporã e Marilândia do Sul.

Mas por que esse monge gera tanto impacto ainda nas pessoas depois de tanto tempo? Segundo estudo publicado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a resposta está na figura messiânica, misteriosa e enigmática desse homem dotado de inteligência acima da média e de grande carisma.

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João Maria D’Agostin chegou em 1851 à região do contestado (antiga Vila de Curitibanos). De origem italiana, ele era curandeiro, eremita, alquimista, profeta, místico e profundo conhecedor das ciências ocultas. João Maria percorreu o caminho dos tropeiros até chegar ao sul do país, ficando conhecido como figura messiânica tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Com o povo imigrante abandonado pelas autoridades, a presença do monge era vista como referência religiosa por essas populações com pouca informação e isoladas do mundo nas propriedades rurais. Ao longo dos anos, muitos historiadores apontam a presença de outros monges como o nome de João Maria que teriam surgido entre 1886 e 1911.

O segundo "João Maria" seria um argentino, chamado João Maria de Jesus. Ele também foi um peregrino e se apresentava como discípulo do primeiro monge. Um terceiro "João Maria" foi José Maria de Santo Agostinho, que surgiu anos depois no Rio Grande do Sul como "reencarnação" do italiano.

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As três figuras e tantas outras que surgiram depois acabaram se misturando no imaginário popular e são conhecidas como São João Maria, o "santo dos excluídos". Segundo historiadores, é praticamente impossível saber qual deles peregrinou por determinados municípios.

O Movimento do Contestado, entre 1912 e 1914, utilizou o nome do monge João Maria como símbolo. O conflito ocorrido na fronteira dos estados do Paraná e Santa Catarina envolveu a disputa de terras naquela região rica em erva-mate e por onde seria construída a estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul.

Após a conclusão da obra, os trabalhadores ficaram desempregados. Diante dessa instabilidade econômica e política, vários beatos e monges surgiram na região, atraindo essa massa de operários por causa dos seus discursos messiânicos. O governo federal enviou tropas para dispersar as comunidades, dando origem à Guerra do Contestado. Após várias derrotas, as tropas federais conseguiram vencer os sertanejos em 1916.

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A figura de João Maria se fortaleceu nesse período histórico e, ao longo dos anos, começou a ganhar um ar de imortalidade, com reencarnações em outros monges. Esse mistério atrai peregrinos até os dias de hoje.

Na região, a presença de João Maria é marcante em Marilândia do Sul. Uma capela localizada às margens de uma mata no Barra Preto é muito frequentada. É uma pequena construção, com duas cruzes na frente, que tem inúmeras imagens sacras e fotografias no seu interior. É um local místico que recebe muitos peregrinos. A casa teria sido construída para representar a passagem do famoso monge por Marilândia do Sul.

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 Capela em Marilândia do Sul, com foto do "segundo" João Maria no detalhe
Foto por Reprodução
Capela em Marilândia do Sul, com foto do "segundo" João Maria no detalhe


O município adotou a figura e realiza eventos fazendo referência ao monge, como é o caso da Cavalgada São João de Maria de Marilândia do Sul, que teve sua edição em 2023, e a Romaria de João Maria.

Além do Brasil, há registros da presença do monge nos Estados Unidos, Argentina, Bolívia, Cuba e Canadá, entre outros países. Um retrato do eremita feito na cidade de Havana, em Cuba, em 1861, é histórica. Batizada de “A Maravilha do Nosso Século”, a foto é considerada uma prova da passagem do monge João Maria D’Agostin pela América Central e do Norte.

 Foto histórica do monge tirada em 1861 em Cuba
Foto por Reprodução
Foto histórica do monge tirada em 1861 em Cuba


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