As constantes interdições da BR-277, principal rota de acesso ao Porto de Paranaguá, estão prejudicando o escoamento da produção de soja no Estado. Com projeção de safra recorde em 2023, a possibilidade de falta de espaço nos silos das cooperativas gera preocupação.
O fluxo de caminhões na BR-277 vem sendo afetado desde o ano passado por conta de deslizamentos de terra. Mais recentemente, rachaduras na pista obrigaram a concessionária responsável a interromper o fluxo parcialmente no local. Outro caminho para o Litoral, a BR-376 também vem sofrendo uma série de interdições.
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A situação gera alerta. A produção pode chegar a 20,89 milhões de toneladas de soja nesta primeira safra 2022/2023 no Paraná, um volume 70% superior ao ano anterior. Na região, a expectativa é de 1,2 milhão de toneladas do grão nos municípios pertencentes aos núcleos regionais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) de Apucarana e Ivaiporã.
O gerente da unidade da Coamo de Ivaiporã, Domingos Carlos Fontana, diz que as interdições nas estradas só agravam um problema de falta de espaço nos silos já esperado.
Desde o ano passado, a Coamo já previa dificuldades de armazenamento dado bom rendimento da soja. Nas unidades que fazem área de abrangência da sede – Ivaiporã, Jardim Alegre e Arapuã – a previsão é receber 138 mil toneladas do produto nesta safra. No entanto, a capacidade de armazenamento é de 90 mil toneladas.
“Nós temos armazém com trigo, com milho e alguma coisa de soja do ano passado que não foi escoada. Então, todo aquele produto que nós estaríamos escoando em fevereiro e março, não ocorreu. Além disso, o mercado da soja começou a cair, estava em R$ 180 (a saca) e agora chegou a R$ 151, e o produtor está segurando”, afirma.
Por conta do cenário, desde dezembro, a Coamo se antecipou e providenciou silos temporários. “Praticamente todos os armazéns disponíveis daqui até o Porto de Paranaguá foram alugados pela Coamo”, assinala. A cooperativa é uma das maiores exportadoras de soja do País.
Ainda segundo Fontana, com os deslizamentos, os custos do escoamento da safra também aumentaram. “O motorista, muitas vezes, fica até dois dias na estrada para chegar em Paranaguá e isso tem encarecido o frete. No ano passado, no auge da safra, nós tínhamos frete em torno de R$ 160 a tonelada. Este ano, já começamos a safra com frete a R$ 175 e hoje deve estar bem acima disso”, relatou Fontana.
Caso os problemas de deslizamento continuem, a única alternativa de logística será o armazenamento no chão com cobertura por lona. “O normal seria receber e embarcar a soja. Agora, estamos recebendo e não estamos embarcando ou o embarque está muito lento. Então, com certeza, nós vamos ter um problema sério de espaço futuro”, completa.
Na Cocamar de Apucarana, a situação ainda é tranquila, segundo Mauro Luiz de Oliveira, supervisor da área operacional da cooperativa. Segundo ele, ainda há bastante espaço nos silos para a soja. “Temos uma grande estrutura para receber a produção, mas, é claro, se o problema persistir na BR-277 vai trazer reflexos. É algo que preocupa mais para a frente”, assinala.
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