Com sede em Porto Ubá, distrito de Lidianópolis, no interior do Paraná, a única colônia de pescadores profissionais da região atua muito além da pesca.
Conhecedores dos caprichos e armadilhas do Rio Ivaí, eles adotaram a preservação como causa e realizam uma série de trabalhos voluntários que vão da fiscalização da poluição das águas, ao apoio da pesquisa científica e também ações de resgate.
Foi a Patrulha Ambiental do Rio Ivaí que encontrou os três sobreviventes do acidente registrado no último dia 18, que vitimou seis pessoas de duas famílias. Durante os dez dias de operação, os voluntários trabalharam lado a lado com militares do Corpo de Bombeiros e outras corporações.
Criada em 2013, a organização conta com onze patrulheiros e foi uma resposta dos pescadores à restrição a pesca. “Naquela época existia a proibição de pesca e o pescador profissional estava a mercê, porque não podia pescar e havia um pessoal frequentando e pescando no rio direto, sem ter documento, nem nada. Juntamos com o Ministério Público e foi criada a patrulha com intuito de fazer um trabalho de preservação, educação ambiental e também fiscalização de pescadores amadores que praticam pesca predatória”, comenta o coordenador da Patrulha Ambiental, Marildo Oliveira.
Segundo o comandante dos patrulheiros, Valdir Batista, conhecido como Vardão, a fiscalização do Rio Ivaí é feita em uma área de 110 quilômetros de rio entre a região do Jacutinga, em Ivaiporã, até a Prainha em São João do Ivaí. “Só em 2020, nós recolhemos mais de 5 mil metros de rede, 17 espinhéis e 580 anzóis. É um apoio que damos a Força Verde”.Desde que a patrulha foi iniciada, mais de 20 mil metros de rede foram recolhidos e entregues às autoridades e mais de 5 mil quilos de embalagens de agrotóxicos foram encontrados nas margens e no Rio Ivaí.
Além do trabalho de fiscalização, a patrulha exerce outras funções, incluindo na área educação ambiental com palestras em colégios e faculdades e os arrastões ecológicos, em que os pescadores saem de barco recolhendo lixo descartado na água e na margem. Em média, cada arrastão consegue recolher de 2 a 4 mil toneladas de lixo. A patrulha também atua no plantio de mata ciliar. Segundo Marildo, nesses anos mais de 5 mil mudas de árvores nativas foram plantadas. “É um trabalho que a gente está fazendo para manter o Rio Ivaí vivo”, destaca Marildo.
FALTA APOIO
Marildo acredita que com mais apoio das autoridades e da população, os patrulheiros poderiam fazer um trabalho melhor. “Gostaríamos que olhassem com carinho para patrulha, que pudessem nos ajudar ou fazer alguma parceria. Nós podemos fazer um trabalho ainda melhor, nós conhecemos o rio, temos experiência e não temos medo de trabalhar”, completou Marildo
Ações de resgate também se destacam
Com relação ao trabalho de apoio à Defesa Civil, foram mais de 20 vítimas resgatadas da água. “Também foram várias pessoas salvas pela patrulha. Na enchente de 2013, a patrulha esteve totalmente empenhada, foram várias pessoas retiradas de ilhas, retiradas das casas que estavam alagadas”, comenta Marildo Oliveira.
Ele lembra que no último trabalho realizado pela patrulha foram 10 dias de buscas em São João do Ivaí. “Foi a maior tragédia do Rio Ivaí e, graças a Deus, a patrulha conseguiu chegar a tempo e resgatar ainda três pessoas com vida. Nosso pessoal ficou lá os 10 dias de buscas, os dois primeiros dias foram de geada, mas mesmo assim ficaram trabalhando 24 horas sem parar até o resgate do último corpo”, conta Marildo.
O patrulheiro Salvino da Silva, também lembra de outra tragédia. O acidente foi em 2019 quando três crianças estavam desaparecidas após o carro da família ser levado por uma tromba d’água e cair em um riacho na zona rural de Faxinal. Durante a madrugada, os pescadores da Patrulha Ambiental localizaram o carro a 150 metros da ponte.
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