A ex-vice-presidente do Lar São Vicente de Paulo de Rio Bom (PR), Maria Novaes, rebateu as críticas sobre a acusação de que houve maus-tratos contra idosos na instituição de longa permanência durante sua gestão. A diretoria o qual ela pertencia foi destituída em maio de 2022 pelo Conselho Central vinculado à Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP). Em reportagem publicada na terça-feira (6) pelo TNOnline sobre a intenção do município desvincular o asilo da SSVP, o conselho alegou que a intervenção ocorreu devido a suspeita de maus-tratos contra idosos e má gestão.
Vicentina há mais de 30 anos, ela afirma que sempre esteve envolvida com a instituição. "Já fui presidente várias vezes e em maio de 2022 fui vice-presidente e jamais houve maus-tratos com os nossos idosos e nem com funcionários. Nossa diretoria sempre trabalhou com carinho e amor por nossos idosos", afirma.
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Segundo ela, os presidentes sempre demonstraram muita dedicação à causa, tanto que já chegaram a tirar dinheiro do próprio bolso para ajudar a instituição. "O ex-presidente já ficou até como acompanhante no hospital com os idosos. Às vezes o SUS demorava para atender e nós pagávamos a consultas e até cirurgias para que os nossos idosos tivessem uma qualidade de vida melhor", desabafa.
Maria informa ainda que uma nova chapa para assumir a instituição chegou a ser formada, entretanto, o conselho impediu que os membros tomassem posse de seus cargos. "Eles dizem que nó somos fracos, mas me diga sempre estivemos à frente do lar e demos conta eles nunca passaram necessidade. Fomos afastados sem motivo, simplesmente porque queriam passar os bens da nossa instituição que foram doados pela igreja Católica de Rio Bom para o nome do conselho", afirma.
De acordo com ela, a antiga direção ingressou com ação judicial para retornar ao cargo. A reportagem tentou contato com o ex-presidente do asilo que preferiu não se manifestar por enquanto.
ENTENDA
A Prefeitura de Rio Bom, no norte do Paraná, quer desvincular o lar de idosos do Conselho Central da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP). Segundo o prefeito Moisés Andrade (PSD), a decisão ocorreu após o conselho destituir a direção local e impor a transferência do imóvel do lar - adquirido com doações da comunidade e que já está no nome da sociedade - para o nome do Conselho Metropolitano de Cambé. A antiga diretoria acionou o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e conseguiu uma liminar que impede a transferência do imóvel.
“Esse conselho central acabou intervindo na gestão local, destituiu os membros e nomeou uma pessoa ligada ao Conselho Central. O Lar São Vicente de Paulo foi fundado por moradores de Rio Bom. Meu pai, inclusive, foi um dos fundadores. Foram os habitantes vicentinos que criaram o lar, comparam o terreno e agora estão querendo transferir o imóvel para o nome do conselho, mas para qual finalidade?”, questiona o prefeito.
De acordo com Andrade, a antiga diretoria acionou o MP e conseguiu uma liminar pedindo a reintegração dos antigos membros e proíbe a transferência do imóvel avaliado em mais de R$ 1,5 milhão. “Pedi um projeto de construção de um prédio novo para o lar para a Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi), que aceitou pagar o projeto”, afirma Andrade.
Ex-presidente do lar de Rio Bom, Nelson Eloy da Silva, cobra transparência por parte do conselho. “Há um descontentamento com o conselho que destituiu a antiga direção sem dar nenhuma explicação ou motivo e mudou toda parte administrativa. Eles alegaram que o município não tem vicentinos e somos 40 membros”, afirma.
A reportagem entrou em contato com o Ministério Público da Comarca de Marilândia do Sul, ao qual Rio Bom pertence, entretanto, a promotoria informou que a questão está judicializada e ainda em fase de instrução probatória.
O OUTRO LADO
Questionada sobre a destituição das diretorias dos lares de Rio Bom e Marilândia do Sul, a assessoria de imprensa da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP) respondeu que, em relação a Rio Bom, a primeira intervenção ocorreu em maio de 2022 por "suspeita de maus-tratos aos idosos e má gestão", pois a instituição não conseguia se manter financeiramente.
Após a intervenção, foi convocada eleição, mas não surgiram candidatos que atendessem aos requisitos do estatuto. Segundo a assessoria, a intervenção tem previsão estatutária e pode ser decretada pelos conselhos superiores vinculados aos lares e a comissão de intervenção pode ser alterada a qualquer tempo.
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