A mulher acusada pelo assassinato da filha, presa no último fim de semana em Marilândia do Sul, norte do Paraná, trabalhava como diarista e era conhecida na cidade como uma pessoa trabalhadora e "da igreja". Tânia Djanira Melo Becker de Lorena, de 59 anos, estava foragida há 17 anos e foi encontrada no último sábado (11), dois dias após a exibição do programa Linha Direta, da TV Globo, que apresentou o caso e incentivou a denúncia.
Em Marilândia, Tânia usava o nome de Lurdes e trabalhava como diarista na casa de muitas famílias. Conforme um morador entrevistado pelo TNOnline, a notícia gerou espanto na cidade, onde a mulher mantinha boa reputação. “Ela trabalhava e frequentava a igreja. Mas nunca falava sobre o seu passado”, disse o morador que pediu para não ser identificado.
- LEIA MAIS: Mãe que matou a filha em 2007 é presa após episódio do 'Linha Direta'
Tânia morava na cidade há aproximadamente 10 anos junto com o companheiro Everson Cilian. Ele também é acusado de participação no assassinato e foi preso em 2022 e virou réu pelo assassinato em 2023. Após a prisão do companheiro, ela ficou um tempo sumida na cidade e depois criou uma narrativa para justificar a prisão do companheiro.
“Ela contava que a filha tinha morrido num acidente de moto e que o marido dela havia sido preso em 2022, mas por outros crimes”, comentou.
Prisão
De acordo com a Polícia Militar (PM), após a exibição do programa, várias denúncias surgiram informando o paradeiro da foragida. A equipe foi até uma casa onde a mulher fazia faxina e, com autorização do proprietário, entrou na residência. Segundo a Polícia, Tânia tentou esconder-se atrás da geladeira, mas foi encontrada e, ao ser indagada, ela tentou se passar por Lourdes.
Os policiais questionaram a mulher sobre denúncias sobre a autoria do crime ocorrido em Quatro Barras (PR), o que ela confirmou. Os policiais consultaram o verdadeiro nome da acusada e constataram que havia um mandado de prisão em aberto. Tânia foi presa e encaminhada para o sistema prisional da regional de Londrina.
Segundo a Polícia Civil do Paraná, por conta do mandado, ela não prestou depoimento e foi levada direto à cadeia pública de Londrina, onde fica à disposição da Justiça.
Defesa
Em nota à imprensa, a defesa de Tânia negou que ela seja culpada do crime. “Tânia é inocente, o tempo e o processo irão revelar a verdade dos fatos, trabalharemos norteados por essa máxima. Nosso foco é ofertar uma defesa técnica e justa para o caso que possui muitos detalhes e problemas inexplorados. Acreditamos que a justiça será feita independente da tamanha comoção. Há muito o que mostrar dentro da situação”, disseram os advogados Marcos Pavinato, Peter Kelter e Marcelo Jacomossi.
O crime
O crime aconteceu em 12 de fevereiro de 2007, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com o Ministério Público do Paraná, Andréa Rosa, foi morta por asfixia após um almoço com a mãe e o padrasto, Everson Luís Cilian.
A vítima deixou dois filhos, um menino e uma menina. Conforme a denúncia, após um almoço de família na casa dela, os acusados usaram um fio elétrico para enforcar Andréa até ela parar de respirar. Depois, colocaram o corpo dela embaixo da cama, que só foi localizado dois dias após a morte.
Segundo o MP apurou, antes do crime, Tânia e Everson pediram a guarda do menino na Justiça, depois de terem passado um tempo cuidando da criança enquanto a mãe se recuperava de um acidente de motocicleta. No processo que investigou o caso, a Justiça considerou declarações de testemunhas que acompanhavam a disputa de Tânia pela guarda do filho de Andréa.
O pai da vítima e ex-marido de Tânia deu um depoimento à polícia. Ele relatou que soube das ameaças da ex-esposa à filha. Relatou, também, que quando Tânia cuidava da criança, Andréa e o então marido, Juliano Saldanha, precisaram pegar a criança à força. O homem, apesar de não ser pai biológico do menino, ajudou a esposa a reaver o filho, de acordo com o processo.
Mesmo foragida, Tânia foi denunciada pelo Ministério Público em dezembro de 2007 por homicídio triplamente qualificado. Por não ser localizada, entretanto, a denúncia contra ela não foi apreciada – o que deve acontecer a partir da prisão de agora.
Júri popular
Conforme o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), Everson Cilian vai a júri popular na próxima quarta-feira (15), no fórum de Campina Grande do Sul, cidade da Grande Curitiba onde o processo dele e de Tânia tramitam.
Em nota, o advogado Maurício Baldassarre, que defende Everson, disse que acredita na inocência do cliente. "Acreditamos em sua inocência, e sua tese de defesa será abordada em momento oportuno dentro do processo. Reitero o compromisso da nossa equipe em garantir uma defesa robusta e justa para o nosso cliente. Estamos confiantes na integridade do processo judicial e esperamos que a justiça seja feita dentro do estabelecido pelo ordenamento jurídico brasileiro."
Deixe seu comentário sobre: "Acusada de matar a filha trabalhava como diarista em Marilândia do Sul"