Um vídeo do Porta dos Fundos, intitulado Teste do covid, foi ocultado pelo grupo após receber críticas por ser considerado gordofóbico. Nas imagens, o ator Fábio de Luca aparece comendo sem parar e dando a entender que "nem o coronavírus gostaria de viver em um organismo podre".
Como uma forma de explicar o processo criativo e pedir desculpas para quem se sentiu ofendido, Fábio Porchat conversou em uma live com a influenciadora digital Bianca Barroca. Ele esclareceu como funciona a criação e as discussões em torno dos roteiros de humor para os vídeos.
"Todos nós fizemos a leitura dos roteiros. E o mais curioso é que passou por todo mundo e não pensamos que seria gordofóbico. No texto inicial, não tem indicação nenhuma de ator, se era gordo ou magro. Era um vídeo onde a piada central do vídeo era uma pessoa que o organismo está ‘tão podre’ que o coronavírus não quer ficar lá dentro (...) O importante é conversar com as pessoas. Vamos conversar com as pessoas, aprender com os erros", afirmou o ator.
Bianca enfatizou: "O esquema é aprender com nossos erros, assumir e buscar uma maneira de reparar. Acho que essa conversa está acontecendo para a melhora da discussão desse tema. O legal é que muita gente está acompanhando essa live e nunca ouviu falar em gordofobia", disse a influenciadora.
O humorista ressaltou que não importa se o preconceito é intencional ou não, mas o efeito que causou em quem consumiu o conteúdo. "Não importa se você é, e a gente pode usar isso para todo o tipo de preconceito, se você teve a intenção ou não. O que importa é que aquilo passou. A gente pode até falar: ‘Mas eu não quis ser gordofóbico, não quis ser machista, não quis ser racista’, mas foi. Direta ou indiretamente, sem querer ou não, se você transmitiu essa mensagem, mesmo que sem intenção. E se passou gordofobia é porque alguma coisa saiu errada no meio do caminho".
Porchat acrescenta que o preconceito com o gordo está enraizado. "A gordofobia já está na gente e isso é uma coisa muito forte. Como a gente tem essa coisa da estética: ‘Quero emagrecer para ficar mais bonito’. Esse discurso já está na cabeça de todo mundo, é impressionante. No passado, olhando lá para trás, há vídeos gordofóbicos em que a piada é o gordo. Agora, a gente já entende a força que tem essa palavra. Então, acredito que estamos em uma constante evolução. Acho que essa conversa sobre gordofobia é uma ótima inclusão pra gente não ter uma luta seletiva. A gente tem que defender as pessoas", disse.
Para saber se uma piada pode ofender as pessoas com sobrepeso ou não, Bianca explicou: "Para você saber se uma pessoa é gordofóbica ou não, precisa se perguntar: 'Ah, se aquela piada fosse feita com uma pessoa magra, teria graça? Ah, teria'. Então, não é gordofóbica. Existe essa linha de pensamento. Porém, existe uma questão mais profunda que é: 'Esse vídeo ofendeu? Qual a mensagem e qual o efeito que faz na nossa sociedade?' Então, quando a gente se abre ao diálogo e se abre a discutir sobre críticas, a gente pode melhorar", afirmou a criadora de conteúdo.
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