A busca por uma vida mais tranquila ou mesmo por um retorno às raízes vem motivando um retorno ao campo na região. É o caso do metalúrgico Bernardino Esser, de 51 anos, que depois de morar mais de 25 anos em Brusque, Santa Catarina, comprou com as economias, mais o saque do FGTS uma pequena propriedade de três alqueires na comunidade de Barraquinha, em Ariranha do Ivaí, lugar onde viveu até os 20 anos.
Conforme Esser, apesar de aposentado, o ócio não está no cotidiano de vida dele. Na propriedade, ele planta verduras, milho, produz gado de corte e fubá artesanal, atividades que toca sozinho. “Acordo cedo e já estou trabalhando, a renda é razoável, mas não troco essa vida de hoje por nada. Isso aqui é qualidade de vida, eu sempre quis uma propriedade assim para viver. Não tenho interesse nenhum em aumentar a propriedade, se aumentar muito vira incômodo”, comenta.
Ele relata que, quando morava em Brusque e trabalhava de metalúrgico, vivia estressado. “Me sinto até mais jovem. Lá eu tinha arritmia por causa do estresse. Eu era encarregado de setor de uma usinagem e vivia com problemas de saúde. Aqui tenho convívio com meus familiares e é onde me sinto feliz. Minha vida mudou da água para o vinho. Não tenho saudade nenhuma da cidade grande”, completa.
Conforme Donizete Pires, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ivaiporã, esse retorno às origens tem se tornado mais comum na região. Ele relata que normalmente são antigos agricultores que quando jovens deixaram o local no grande êxodo das décadas de 70 e 80.
“Eles foram embora porque a situação social e financeira naquela época obrigava. Mas, o sonho da maioria sempre foi de retornar para onde eles têm as raízes. É o local de origem deles e querem dar continuidade naquele sonho que já fez parte das vidas deles. Muitas vezes tem aquele pessoal que ainda têm os pais agricultores bem mais velhos ou até falecidos, então voltam para tocar a propriedade”.
Ainda segundo Pires, a tendência de retorno de pessoas que se aposentam deve aumentar ainda mais este ano, principalmente por conta da reforma da previdência. “O pessoal está assustado. A gente aqui no sindicato trabalhando com aposentadoria rural temos recebido muitas pessoas de Curitiba, Joinville, até de São Paulo, para comprovação de aposentaria rural. De cada dez metade fala em voltar quando se aposentar, e boa parte quer comprar terra”, relata Pires.
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