O sonho da casa própria dos cabeleireiros Hudson Marques Faria, 38 anos, e Érica Villa Marques Faria, 41, é um pouco diferente. Procurando uma opção mais barata e mais ecológica, o casal optou por trocar a mistura de tijolo e cimento por terra. A casa de 260 m² que eles estão construindo em Jandaia do Sul tem as paredes feitas de barro em um projeto que está chamando atenção. Hudson diz que já viu construções parecidas pela internet, em países como Estados Unidos e Colômbia.
“Gostamos muito de objetos personalizados. Além disso, o material é resistente e a obra sai bem mais barata que a convencional. Esse tipo de construção é comum em locais que sofrem com tremores de terra”, explica o cabeleireiro. Na terra, retirada do próprio terreno em que a casa é construída, é adicionada uma porcentagem de pó de pedra e também 5% de cimento para estabilizar a terra. Esse material é misturado em uma betoneira, assim como é feito com o cimento e depois de pronto colocado em redes plásticas que formam os grandes tijolos horizontais que foram a parede.
A próxima etapa da obra é revestir as paredes.O projeto de Hudson e Erica conta com a ajuda de uma de pedreiros, que também se surpreenderam com a nova técnica, e de profissionais da área da engenharia e edificações.
“Vou deixar a casa bem rústica com fiações e tubulações à mostra. Vamos seguir o estilo industrial”, planeja. O casal contou com o auxílio também do técnico em edificações Luís Alexander de Souza Rodrigues, de Jandaia do Sul. É a primeira vez que o profissional trabalha em uma obra como esta. No entanto, ele diz que a construção é tão segura como as convencionais. “Toda base e estrutura é feita de concreto, como uma casa qualquer. O que diferencia são as paredes construídas com barro. Porém, esse barro é misturado com pó de pedra e um pouco de concreto, tornando o material extremamente seguro”, afirma.
Bioconstrução
O sistema usado pelo casal entra no ramo da bioconstrução, que prima por projetos mais sustentáveis. A técnica de usar terra como matéria-prima é chamada de superadobe e, além do custo menor, traz outras vantagens, como maior conforto térmico e acústico em relação a obras convencionais. O cabeleireiro estima que a técnica tenha resultado em uma redução de custo de 30% nesta etapa do projeto. Segundo ele, outras etapas da obra preveem o reuso de materiais. Caso da porta principal da casa, que será feita em madeira de demolição. “A porta de madeira de peroba terá 3 metros de altura e vai ser trabalhada com uma técnica japonesa, quando o material é carbonizado com maçarico, escovado e impermeabilizado. O puxador será um cano”, acrescenta. Hudson e Érica acreditam que até o final deste ano a casa da família - eles tem dois filhos - fique pronta.
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