O ex-vereador mais antigo do Vale do Ivaí, João Guerra Neto comemora no dia 4 de novembro 100 anos de idade. Um dos fundadores de Grandes Rios e entusiasta do município, João Guerra foi um dos nove vereadores, de 1963 a 1968, quando o município ainda pertencia a Candido de Abreu. Durante a gestão, apesar de e não receber salário pelo cargo e percorrer 76,6 quilômetros a cavalo, João Guerra nunca perdeu uma reunião da Câmara de Vereadores. O ex-vereador chegou a ser indicado para o cargo de primeiro prefeito de Grandes Rios, mas não aceitou.
Com saúde e lucidez invejáveis para a idade, o centenário se mostra incomodado com os vereadores nos dias atuais por serem pagos para exercerem a função. Para João Guerra a vereança, é voluntariado. “Trabalhávamos sem salário porque a gente pensava no bem do lugar. Se tivéssemos que ir para Curitiba, para Reserva ou para Candido de Abreu íamos, com o dinheiro nosso mesmo”.
O ex-vereador não generaliza, mas diz que nos dias atuais boa parte dos edis só se preocupam apenas com o salário. “Hoje eles ganham muito bem, muitos deles não fazem nada e ainda reclamam. Se tem que ir para Curitiba para fazerem um curso que é de beneficio deles recebem diárias”.
João Guerra lembra que as primeiras carteiras escolares que o município recebeu do Governo do Estado foi pessoalmente a capital paranaense buscar com um caminhão de propriedade dele. “Fiquei dois dias parados em Curitiba esperando a fábrica entregar as carteiras”. Segundo João Guerra, tanto as despesas do combustível como as despesas de estádia foram pagas com os recursos próprios. “Tive bastante prejuízo financeiro nessa época, mas valeu a pena, pois aprendi muito”.
Atualmente o ex-vereador mora com a filha Celina, no centro da cidade próximo a Igreja de Grandes Rios, aonde vai a missa todos os domingos caminhando. “No geral apesar de tomar vários remédios à saúde dele é muito boa. A audição já não é a mesma e ele tem problemas de circulação que causa inchaço e dor nas pernas”, completa Celina.
Velhice
A vida de João Guerra Neto que chegou a Grandes Rios em 1951 com 36 anos de idade vindo de Caculé na Bahia, não foi somente politica. Ele também foi comerciante, ocupou ainda o cargo voluntário de delegado “calça-curta” e fundou o Asilo São Vicente de Paula, há 10 anos ele ainda participava efetivamente da diretoria.
“O que me deixa mais satisfeito é que estou sendo recompensado por Deus com essa velhice muito boa, com saúde e lucidez. Sou uma pessoa muito feliz, pois moro na cidade que me adotou e tenho pessoas maravilhosas ao meu lado. Isso é um presente de Deus”.
Delegado
Apesar da pequena estatura 1,65 metros e nunca ter usado revólver o também ex-delegado João Guerra diz que sempre foi respeitado e nunca entrou em confusão. “Eu tinha o revólver na gaveta, mas nunca precisei usar. Por incrível que pareça, pessoas perigosas, pessoas do cangaço mesmo tinham respeito por mim. Quando eram intimados eles compareciam e não teve nenhum que me desrespeitasse. O segredo é a conversa, o respeito com as pessoas e o pensamento em Deus”. Na época, o delegado era a única autoridade policial em Grandes Rios.
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