Mais de dois anos após a primeira data prevista para ser inaugurado, o Hospital do Coração, que ainda está sendo construído nos fundos da Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (Acea), corre o risco de perder equipamentos doados pela Fundação Tokushukai, antes mesmo de entrar em funcionamento. Desde julho do ano passado, dois contêineres com cerca de 200 volumes vindos do Japão, entre camas e colchões para uso hospitalar, estão retidos pela Receita Federal em um depósito no Porto de Paranaguá.
Em entrevista à Tribuna, o inspetor de alfândega da Receita Federal, em Paranaguá, delegado Jackson Corbari, explicou que as doações foram descarregadas no Brasil em julho e apreendidas em fevereiro pela falta de documentação.
“Para fazer uma importação, é necessário ter uma licença. Isso tem que ser obtido previamente, e não depois que a carga chega. É preciso ter mais orientação antes de fazer uma importação como essa”, disse.
Ele assinalou que, como já se passaram mais de 90 dias da retenção, as camas e os colchões, que ainda estão nos contêineres, podem ser destinados a outra entidade filantrópica. “A mercadoria está abandonada e a Receita tem que encontrar uma destinação para ela, neste caso uma doação para um hospital que não seja a fundação importadora”, observou.
A perda da carga, conforme o inspetor, pode acontecer em três ou quatro meses, caso a Fundação Vilela Batista, à frente do Hospital do Coração, não apresente a licença requerida e nem promova o despacho da mercadoria.
“Eles têm que entrar com um pedido e isso deve ser acompanhado pela declaração de importação. Legalmente, não existe prorrogação, ainda que, neste tempo até a destinação, eles possam recorrer”, pontuou Corbari.
De acordo com o presidente da Fundação Vilela Batista, Randas Vilela Batista, a questão das camas e colchões hospitalares retidos em Paranaguá está sendo tratada. “Os documentos já foram entregues. Mas ainda não sabemos quando a carga será liberada”, disse.
Entrega até o fim do ano
O Hospital do Coração deve entrar em funcionamento em Apucarana ainda neste ano, promete o presidente da Fundação Vilela Batista, o cirurgião Randas Batista Vilela. “Esperamos que até o final do ano tudo seja entregue”, diz.
Anunciadas em 2008, as obras hospitalares estavam, inicialmente, previstas para serem concluídas em outubro daquele ano. Na época, houve a preparação do terreno nos fundos da Associação Cultural e Esportiva de Apucarana (Acea), próximo ao Lago Jaboti, para a construção.
Em junho de 2009, já erguido, mas ainda sem conclusão, o Hospital do Coração recebeu a Festa da Cerejeira, tradicional comemoração da colônia japonesa. No ano seguinte, a previsão da Fundação Vilela Batista era que a parte ambulatorial do hospital fosse entregue na edição de 2010 da festa, o que não ocorreu. Já neste ano, cogitou-se ainda inaugurar a obra no aniversário de 67 anos da cidade, mas também não foi possível.
Com 100 leitos previstos, o Hospital do Coração está sendo bancado pela Fundação Tokushukai, do Japão. Cerca de 10 milhões de dólares estão sendo investidos na unidade.(A.L.)
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