A Polícia Civil de Apucarana instaurou inquérito para apurar a morte de um bebê durante o parto no Hospital da Providência Materno Infantil na semana passada. A denúncia é do pai da criança, Paulo Roberto de Moraes, 29 anos, que sustenta que perdeu a filha por conta de falhas no procedimento.
A esposa de Moraes, a operadora de caixa Adaiane Moraes, 24 anos, entrou em trabalho de parto no último dia 24. Ela deu entrada no hospital às 9h30 e foi submetida a uma cesariana de emergência por volta das 21 horas. A criança nasceu morta e a mãe teve o útero e a bexiga rompidos, tendo que ser transferida, em estado grave, para a UTI. Ela recebeu alta no último sábado.
A pedido da família, o corpo da menina, que estava na 39ª semana de gestação, foi submetido a autopsia no Instituto Médico Legal. O laudo deve ficar pronto em 30 dias.
A família já registrou queixa na Ouvidoria da 16 Regional de Saúde e deve levar o caso também ao Ministério Público. “Isto é falta de respeito com o ser humano. Forçaram demais para que minha esposa tivesse parto natural. Isto provocou a hemorragia. Além do que não me informavam nada o que estava acontecendo”, reclama Paulo Moraes.
O procedimento todo, até o momento crítico, teria demorado cerca de 12 horas.
“Internei às 9h30. O médico de plantão aplicou o soro com medicamento para induzir a dilatação e o parto. Fiquei num quarto com mais quatro gestantes, também em trabalho de parto”, relata a operadora de caixa Adaiane. Para induzir o parto ela, foi orientada a andar no corredor; subir e descer escadas, entre outros exercícios. Contudo, ela não tinha dilatação suficiente para o parto.
“Às 17 horas eu já sofria demais. Me levaram de maca para tomar uma anestesia. Pensei que iriam fazer a cesárea. Até o anestesista comentou com as enfermeiras que deveriam fazer a cirurgia, já que meu primeiro filho (há 4 anos) nasceu de cesárea. Anestesiada me levaram de volta para o trabalho de parto”, detalha a mulher.
De acordo com ela, por volta das 19 horas ocorreu a troca de plantonistas. O médico que a acompanhou durante o dia foi embora e uma médica assumiu o plantão e passou a atender as gestantes. Por volta das 20h30, Adaiane começou a passar mal, apresentando vômitos e forte sangramento. Ela foi levada em seguida ao centro cirúrgico, mas o bebê não foi salvo. Além da plantonista, um segundo médico foi chamado para participar da cirurgia.
Hospital não comenta caso
Adaiane Moraes reclama do sistema de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela fez todo o pré-natal com um médico, mas o parto foi realizado pelo obstetra de plantão. “Outra coisa, como pode um hospital grande, o único da região e ter apenas um plantonista por turno para atender tantas mulheres?”, questiona a mãe que ainda não teve coragem de voltar para casa e encarar o quarto da menina, que se chamaria Emanuele.
Segundo ela, o hospital também demorou a dar informações sobre a filha. “Eu perguntava da minha filha e as enfermeiras só enrolavam. A médica falou comigo e contou sobre a ruptura uterina e que minha filha não resistiu. Que ela teria morrido afogada em sangue”, conta a mãe, que ainda não tem certeza se poderá engravidar novamente.
O diretor administrativo do Hospital da Providência, Neilton Rodrigues informou a reportagem da Tribuna que somente o diretor da Unidade Materno Infantil, médico Marcos Esmanhoto, pode comentar sobre o procedimento adotado. O médico, contudo, está em férias.
O delegado Ricardo Casanova, que está presidindo o inquérito, está aguardando o laudo do IML sobre a morte da criança para começar a ouvir testemunhas e profissionais envolvidos no caso.
Deixe seu comentário sobre: "Polícia Civil investiga morte de bebê"