A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento vai estimular o crescimento da produção de seda no Paraná, com possibilidade de expandir a atividade em pelo menos 20%. O projeto pode incluir a entrada de 500 novas famílias de produtores, prioritariamente de municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e é recebido com expectativa na região.
O Paraná é o maior produtor de fio de seda do País, responsável por 84% da produção nacional com um volume anual de 2.533 toneladas de casulos verdes. São mais de 4 mil hectares plantados com amoreiras, com cerca de 2.310 famílias na atividade, que está presente em 174 municípios. Estima-se que o setor gere 8 mil empregos diretos e indiretos.
Na região da Seab de Ivaiporã, a produção do bicho da seda está presenta em 10 dos 15 municípios da área de abrangência da regional. São 214 hectares com plantio de amoreira com um volume anual de 138 toneladas de casulos.
O maior destaque é o município de Jardim Alegre, responsável por quase a metade da produção da regional. Ano passado foram 66 toneladas de casulos. Godoy Moreira é o segundo maior produtor com 33 toneladas e Rio Branco do Ivaí produz 17 toneladas.
O prefeito de Jardim Alegre, José Roberto Furlan, destaca que o incentivo à sericicultura também está nos planos da prefeitura, que tem como meta duplicar a produção nos próximos anos. Segundo Furlan, os fios de seda brasileiros são da mais alta qualidade, motivo pelo qual são valorizados no mercado externo e procurados por indústrias de fiação da Europa e da Ásia.
“A China quer comprar toda a produção do Paraná. Isso é maravilhoso, é um momento de crescimento na atividade e nós queremos aproveitar esse momento e ampliar também nossa produção. Nós já nos antecipamos e estamos disponibilizando adubo orgânico para quem está na atividade ou pretende entrar”, enfatiza Furlan.
Em Ivaiporã, o secretário de agricultura Adir Salla também destaca o projeto do Governo do Estado. Para ele, a sericultura é indicada como uma ótima opção de renda para pequenos produtores. “É uma atividade que dá boa rentabilidade, segura o homem no campo e tem rendimento praticamente todo o mês. É uma matéria de exportação e quem trabalha com bicho-da-seda está vivendo bem”, assinala Salla.
Ainda segundo Salla é uma atividade que requer baixo investimento na infraestrutura e pequeno espaço de terra. “Além disso, o bicho-da-seda demanda menos trabalho que a agricultura convencional e tem ótima lucratividade. Aqui em Ivaiporã a atividade tem muito espaço para crescer”, completa. No município a produção anual é de 13 toneladas, a área de plantio de amoreira é de 16 hectares.
MANEJO
Há 25 anos na atividade, o casal de Ivaiporã, Ana Cristina e Otávio Francisco dos Santos, produz seus casulos em um galpão de 136 metros quadrados. Meio alqueire da propriedade é destinado para o plantio de amoreira, único alimento da lagarta no início da vida.
O casal se mostra muito satisfeito com atividade. “Sobrevivemos disso, temos dois filhos e graças a Deus e ao nosso trabalho não passamos dificuldades”, diz Ana Cristina. Segundo o casal, uma das principais vantagens é que a produção é rápida e com boa rentabilidade.
“Eu pego a larva no dia primeiro e no dia 28 já estou com o dinheiro no bolso. A renda do bicho-da-seda hoje, se comparar com outras culturas em mesma área de roça é o que dá uma das melhores rendas. Se eu plantasse milho, não tiraria 20% do que me dá o bicho-da-seda”, relata. A renda mensal do casal é, em média, R$ 3 mil livre.
Governo vai ampliar assistência técnica e linhas de crédito
O incentivo à sericicultura foi anunciado no início do mês de dezembro pelo secretário Norberto Ortigara, que participou, em novembro, do Festival da Seda realizado em Lyon, na França. Lá - maior evento técnico do setor - a seda paranaense foi considerada a melhor do mundo. A qualidade da seda é reflexo dos cuidados com sistema produtivo.
Segundo o secretário Norberto Ortigara, o projeto de expansão da seda se enquadra nas prioridades do Governo do Estado em estimular a geração de renda a partir da pequena propriedade familiar. Ortigara ainda destacou que, com a entrada do Banco do Agricultor em operação, nos próximos meses, será possível ajudar o setor com financiamentos a juros mais baratos.
O governo também vai ampliar a oferta de capacitação técnica. A Emater deverá colocar, ao menos, 15 unidades de referência a mais para ampliar a capacitação de produtores, principalmente nas regiões Norte, Noroeste e Vale da Ribeira, que devem entrar no mapa da produção. Atualmente a instituição trabalha com 25 unidades de referência.
Entenda o ciclo produtivo
Nas três semanas em que vive como lagarta – período em que passa por cinco etapas –, o bicho-da-seda é alimentado exclusivamente com folhas de amoreira. Por conta disso, a atividade depende do cultivo da amoreira.
O produtor recebe o inseto com sete dias e depois o cria por um período de 19 a 20 dias, quando então começa o encasulamento, período em que as larvas são transferidas para suportes específicos. Neste período a lagarta produz o fio da seda.Os casulos são vendidos antes do período final de reprodução das lagartas e remunerados por peso.
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