Com o retorno da chuva, produtores rurais da região apressaram a semeadura do trigo, que alcançou 63% da área prevista no Núcleo Regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab) de Ivaiporã. Segundo estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), este ano serão plantados 10 mil hectares a menos do grão nos 22 municípios da regional, uma queda de 8,33% em relação à safra passada, quando foram semeados em 120 mil ha. Os preços médios pagos pelo trigo na região atingiram esta semana o patamar de R$ 40 a saca de 60 quilos, cerca de 5,06% acima dos custos de produção estimados pelo Deral.
O produtor Pedro Senchechem concluiu ontem o plantio de 800 alqueires. “Com essa chuva que deu no final de semana, nossas sementes vão nascer, o que não pode acontecer é ficar mais 30 dias sem chuva. De agora para frente, nós não plantamos mais para não atrapalhar o início do plantio da soja”, relata. O zoneamento agrícola de risco climático em Ivaiporã encerra no dia 10 de junho.
Conforme Senchechem, apesar do preço de venda do trigo não ser rentável para o produtor, a opção pelo grão é em razão da rotação de culturas. Alternar o plantio entre a leguminosas, como a soja, e gramíneas, condiciona o solo, melhorando o processo de adubação, além de reduzir a incidência de ervas daninhas, pragas e doenças. “O carro chefe nosso é o soja, e o trigo serve como adubação. Nesse caso, o importante é cobrir os custos. O retorno do trigo é muito pouco, se empatar já é motivo de festa”, avalia.
Segundo Randolfo Oliveira, engenheiro agrônomo do Deral, em relação ao ano passado o ritmo das máquinas no campo está atrasado, principalmente por conta da estiagem que durou mais de 45 dias. “Nesta mesma época em 2017, o plantio praticamente estava concluído em torno de 90% do terreno total cultivado. Faltou umidade, as precipitações agora só ocorreram no último final de semana. De sexta à domingo, foram 28,6 milímetros e o pessoal aproveitou para plantar”. Em abril, choveu apenas no primeiro dia do mês, totalizando 13,3 milímetros.
Ao mesmo tempo, as culturas de inverno - milho e feijão - sofrem com a pouca umidade. “Este ano está complicado. O rendimento do milho deve cair em 50%, o pessoal deve colher por volta de 90 sacas, com clima normal a média é 180 sacas por ha. O feijão das secas que está em fase de colheita está dando 25 a 30 sacas quando normalmente daria 50, 60 sacas”, completa Oliveira.
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