Nos últimos dois anos, 1.547 boletins de ocorrência por violência doméstica foram registrados pela Delegacia da Mulher de Apucarana, que abrange os municípios de Cambira e Novo Itacolomi. Segundo dados da polícia, o índice de denúncias cresceu 14% no comparativo entre 2014 com 723 contra 2015 com 824. Só este ano, quase 200 boletins de ocorrência foram registrados por mulheres que sofreram algum tipo de agressão.
É importante que a vítima formalize a denúncia e peça a medida protetiva, afirma a delegada Iane Cardoso do Nascimento Todos casos são acompanhados em conjunto pelo Centro de Atendimento à Mulher (Cam) da Secretaria da Mulher de Apucarana, que oferece acompanhamento psicológico, jurídico e social às vítimas. Segundo a delegada Iane Cardoso Nascimento, grande parte das mulheres tem optado pela medida protetiva. “Neste caso, comunicamos o judiciário e o agressor é intimado imediatamente. Então, quando ele toma ciência, ele sabe que não pode chegar perto da vítima.
A maioria tem cumprido a determinação”, assinala. A delegada destaca que a medida tem surtido efeito positivo, pois, cria uma barreira entre a mulher e seu agressor, inibindo qualquer ação contra a vítima, sendo uma forma de evitar que a situação tome graves consequências.
“ Só o boletim de ocorrência não é suficiente para impedir o agressor, porque, muitas vezes, ele não toma nem conhecimento. Por isso é importante que a vítima formalize a denúncia e peça a medida protetiva”, orienta. Levantamento da Polícia Civil com base nos crimes apurados, aponta que 70% dos agressores são maridos, namorados ou ex-companheiros que agridem as vítimas verbalmente e fisicamente por ciúme e sentimento de posse. Em fevereiro deste ano, uma mulher grávida foi morta a facadas pelo companheiro, no centro de Apucarana.
No ano passado, pelo menos dois feminicídios foram registrados na cidade. “Nos crimes ocorridos em 2015 e neste ano as vítimas não tinham medida protetiva de urgência, sequer um boletim de ocorrência”, comenta. Dependência de drogas e álcool é agravante O estudo da Polícia Civil também revela que a maior parte das mulheres vítimas de violência doméstica têm baixa renda, geralmente sustentam a família e convivem com dependentes de álcool e outros tipos de drogas. “Não existe um perfil, mas a maior parte dos casos envolvem mulheres humildes, sem dependência econômica.
Mas, na realidade, a violência não escolhe classe social”, analisa a delegada Iane Cardoso do Nascimento. Durante a semana, a delegada ministrou palestras em parceria com o CAM em bairros de Apucarana, com intuito de orientar e divulgar a lei Maria da Penha. “Ainda temos muitas conquistas que ainda faltam, de igualdade e de justiça, mas aos poucos vamos conseguir exterminar o estereótipo de sexo frágil, de mulher submissa, tratada como objeto, e eliminar isso da nossa sociedade, com salários mais justos, de forma igualitária e com muito respeito”, conclui.
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