As especulações sobre a implantação de uma usina termoelétrica em Apucarana para queimar o lixo de pelo menos 10 municípios da região gerou polêmica no município. A proposta, que teria sido apontada pela Prefeitura de Maringá, aponta a criação de uma estrutura capaz de processar 1,5 mil toneladas diárias de lixo maringaense, de Londrina e das cidades abrangidas neste eixo. A iniciativa geraria 22,5 megawatts.
A escolha por Apucarana também teria sido motivada pela posição estratégica de ligação às duas metrópoles pela linha férrea e à proximidade do Rio Pirapó.
Estimada em cerca de R$ 220 milhões, a usina, a princípio, não é vista com bons olhos em Apucarana. O secretário Municipal de Meio Ambiente e Turismo, João Batista Beltrame, relata que o município não chegou a ser consultado sobre o assunto antes que ele ganhasse repercussão.
“Pelo que sabemos, não há nenhum estudo do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e ninguém nos comunicou sobre o projeto. Mesmo assim, não temos nenhum tipo de interesse”, afirma.
O secretário explica que Apucarana está em vias de iniciar a gestão de seu aterro sanitário através da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), mudança que deve melhorar a operação do espaço nos próximos anos. “Estamos fazendo nossa lição de casa. Em junho, a Sanepar vai assumir os trabalhos e a partir do ano que vem teremos a impermeabilização do solo, queima de gás e tratamento do chorume conforme as novas exigências ambientais”.
Beltrame reforça ainda que a implantação de novas tecnologias para a destinação do lixo no município só deve ocorrer após teste e comprovação de benefícios. “Não podemos deixar o certo pelo duvidoso”, enfatiza.
O prefeito de Apucarana, João Carlos de Oliveira (PMDB), avalia que é preciso a estudar a proposta da termoelétrica para dizer se a usina pode ser positiva. “Tudo precisa ser analisado”, define.
Sílvio Barros nega projeto
Em nota, a Prefeitura de Maringá informou ontem que os prefeitos Sílvio Barros, de Maringá, e Barbosa Neto, de Londrina, não têm conhecimento sobre a proposta de instalação de uma usina termoelétrica para queima de lixo dos municípios, em Apucarana. O assunto foi tema de reportagens na imprensa de Maringá, que detalhou inclusive os valores de investimento do projeto.
“Não existe nenhum projeto ou plano em andamento realizado em conjunto com outras cidades. Muito menos reuniões ‘secretas’ ou mesmo abertas com o prefeito de Londrina, Barbosa Neto”, diz o texto. O município, entretanto, confirma que está buscando solução para a destinação dos resíduos sólidos locais com a pesquisa de novas tecnologias, como a de transformação do lixo em energia.
Em Apucarana, a discussão em torno do lixo já se arrasta há pelo menos quatro anos. A operação do aterro sanitário pela Sanepar foi cogitada em 2006, mas só foi concedida no ano passado. A previsão era de que a estatal assumisse a área no início do ano. O contrato com a Sanetran, atual prestadora, vence neste mês. (A.L.)
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