O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), justificou seu apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022 "muito mais" por ter visto o que o governo do PT fez com o Estado e com o País do que "por concordar" com todas as propostas do ex-presidente. A declaração ocorreu nesta segunda-feira, 25, durante o evento "Almoço-Debate", promovido pelo Grupo Lide, cujo fundador, o ex-governador de São Paulo, João Doria, também estava presente. "Sou de um partido diferente dele. Durante a pandemia, tive uma posição totalmente diferente da dele. Tanto é que Minas Gerais foi o Estado, excluindo Norte e Nordeste, com a menor taxa de mortalidade no Brasil. Está aí um exemplo claríssimo", disse o governador ao ser questionado pelo
sobre quais propostas de Bolsonaro ele discorda. "Em Minas Gerais, apesar de nós termos 320 mil funcionários públicos, eu não tenho nenhum parente. Então, também temos aí uma diferença. Família para lá, negócios e carreiras para cá. São algumas diferenças. Mas eu tenho muito mais proximidade com ele do que com quem governou Minas antes", concluiu Zema. Antes dele, Minas foi governada por Fernando Pimentel (PT). As declarações traçando diferenças com Bolsonaro se dão menos de um mês após o governador de Minas condecorar o ex-presidente com o título de cidadão honorário de Minas Gerais, em 28 de agosto. Durante a cerimônia na sede da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), apoiadores do ex-presidente chegaram a pedir para que Zema deixasse o Novo e se filiasse ao PL, partido do ex-chefe do Executivo. Na ocasião, ele continuou o discurso e não reagiu. No evento do Lide nesta segunda, o governador mineiro voltou a defender a união da direita para as eleições, tanto as municipais em 2024, como as presidenciais em 2026. Ele também repetiu que prefere apoiar um candidato da direita do que ele próprio se lançar candidato à Presidência. Zema já havia pedido que os partidos de direita atuassem juntos nas eleições durante a CPAC 2023 (Conferência de Ação Política Conservadora, na sigla em inglês), evento realizado em Belo Horizonte no último sábado, 21. Na ocasião, ele teve o discurso interrompido por uma servidora da Copasa, empresa estatal de água e saneamento de Minas Gerais, que disse ter sido demitida por não tomar a vacina contra a Covid-19. Após o episódio, Fabio Wajngarten, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), usou a rede social X (antigo Twitter) para criticar quem prega a união da direita mas "não mexe uma palha" nesse sentido. "O Pr presidente da República Jair Bolsonaro vem sendo perseguido desde janeiro 23. Não tem nenhuma ligação no meu celular, que está à disposição 24/7 ligado, de ninguém pregando a união, nem oferecendo solidariedade, nem sugestão, nem nada. É tudo jogo de oportunismo político. Não passarão!", disparou. Nesta segunda, Zema disse que não tomou conhecimento das críticas de Wajngarten e que não iria se aprofundar nelas. "Se eu fosse levar críticas em consideração, já estaria em um cemitério", afirmou. As declarações de Zema o afastam de Jair Bolsonaro em um momento que o ex-presidente é investigado em diversas frentes, como nos casos das joias desviadas do acervo da Presidência da República e da falsificação de comprovantes de vacinação, além da trama para se dar um golpe de Estado no Brasil.
Relação é marcada por movimentos de aproximação e distanciamentoZema chegou a pedir votos para Bolsonaro durante o debate eleitoral em 2018, mesmo com João Amoêdo sendo candidato à Presidência pelo Partido Novo. Em 2022, apoiou Felipe D'Avila no primeiro turno, mas declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno contra Lula (PT). Em entrevista ao
em agosto, o governador mineiro deu nota 8 ao governo Bolsonaro, mas disse que a gestão do ex-presidente pecou na comunicação, que recebeu nota 5. "Ele fez um governo bom", resumiu. O momento de maior distanciamento ocorreu durante a pandemia. Ao contrário de Bolsonaro, Zema tomou quatro doses da vacina contra a covid-19 e incentivou a população do Estado a se vacinar.
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