O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou o sigilo dos depoimentos feitos pelos envolvidos no inquérito que apura o planejamento de um golpe de Estado após as eleições de 2022. As oitivas foram realizadas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 26 investigados no final do mês passado.
Dos investigados, 13 decidiram falar durante os interrogatórios e outros 14 ficaram em silêncio. Os policiais buscaram coletar detalhes das reuniões entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas, onde foram apresentadas três versões de uma minuta golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os investigados também foram questionados sobre as táticas que foram utilizadas pela cúpula do governo anterior para questionar a lisura do processo eleitoral. A defesa de Bolsonaro não se manifestou sobre os depoimentos.
Marco Antonio Freire Gomes
Chamado para depor como testemunha, o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes disse aos investigadores que Bolsonaro se reuniu com os chefes das Forças Armadas para apresentar instrumentos jurídicos que permitiriam um golpe. Segundo o militar, o ex-presidente apresentou institutos como a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e decretos de estado de defesa e sítio.
Carlos Almeida Baptista Junior
O ex-comandante da Aeronáutica tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Junior confirmou ter participado da reunião onde Bolsonaro apresentou as alternativas golpistas para permanecer no poder. Segundo o militar, ele se recusou a receber a minuta golpista e, em outro encontro, Bolsonaro sofreu uma ameaça de prisão por parte de Freire Gomes.
Valdemar Costa Neto
O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou aos investigadores da PF que foi pressionado por Bolsonaro e outros parlamentares da sigla a entrar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para questionar o resultado das eleições. Segundo o dirigente partidário, "nunca foi apresentado nada consistente" que comprovasse fraudes no pleito.
Estevam Cals Theóphilo
O ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) general Estevam Cals Theóphilo admitiu que esteve no Palácio do Alvorada em três oportunidades após o segundo turno das eleições de 2022. Os investigadores acreditam que os encontros foram feitos para articular o plano golpista com oficiais das Forças Armadas. Durante a oitiva, Theophilo se calou quando foi questionado sobre mensagens que o implicam diretamente na tentativa de golpe.
Laércio Vérgilio
O coronel do da reserva do Exército Laércio Vérgilio disse em depoimento que a prisão de Moraes, que estava prevista na minuta de golpe apresentada a Bolsonaro, seria "necessária para a volta da normalidade institucional". O militar é apontado como o elaborador do plano de prender o magistrado.
Bernardo Romão Corrêa Neto e Cleverson Ney Magalhães O coronel Bernardo Romão Corrêa Neto e o tenente-coronel Cleverson Ney Magalhães também foram questionados sobre o plano para prender Moraes. Os dois negaram que se reuniram para articular o plano golpista. Segundo Cleverson, as reuniões militares feitas após o término do segundo turno das eleições tinham como pano de fundo as "confraternizações de fim de ano".
Bolsonaro e outros 13 aliados
Bolsonaro e outros 13 aliados ficaram em silêncio durante os seus depoimentos. As defesas dos investigados justificaram que não tiveram acesso a todo o conteúdo da investigação.
Preso durante a deflagração da Operação Tempus Veritatis, o ex-assessor da Presidência para Assuntos Internacionais Filipe Garcia Martins respondeu apenas que não havia saído do País antes do término do mandato de Bolsonaro. A suposta fuga motivou a prisão de Martins, que é investigado por ter levado a minuta golpista que o ex-presidente apresentou para os comandantes das Forças Armadas.
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