A ministra Cármen Lúcia interrompeu o ministro Raul Araújo durante a leitura do seu voto sobre a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o questionou sobre a centralidade da minuta do golpe na ação contra Bolsonaro.
"Não me pareceu que no voto do ministro relator houvesse nenhuma referência a que este documento, nem de autoria nem de responsabilidade do primeiro investigado (Bolsonaro). Eu, no meu voto, nem uso este dado", afirmou.
Em seguida, o presidente da Corte, Alexandre de Moraes, reforçou: "o longo voto do relator se baseia na reunião. O fato de ter juntado a minuta golpista em nada afetou", disse.
Moraes deu então a palavra ao relator, Benedito Gonçalves, para que ele esclarecesse a questão. "Não se está apurando aqui a minuta. Foi um reflexo da conclusão, dos efeitos do discurso do efeito da reunião que se apura, no tocante à inverdade das urnas eletrônicas", afirmou Gonçalves.
Araújo tem dado ênfase em seu voto ao fato de que Bolsonaro não tem responsabilidade sobre a minuta do golpe, encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres. "O fato de o ex-ministro da Justiça ser subordinado ao presidente da República não torna este responsável por atos praticados por aquele", disse. Araújo quase não havia citado a reunião com embaixadores, objeto da acusação, até a publicação desta matéria.
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