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Tática da CPI da Covid prevê ação direta no Supremo

A cúpula da CPI da Covid traçou uma estratégia jurídica para tentar levar o presidente Jair Bolsonaro a julgamento diretamente no Supremo Tribunal Federal. A ideia, tratada como "plano B", é acionar a Corte caso o procurador-geral da República, Augusto Ar

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 27.10.2021, 17:00:00 Editado em 27.10.2021, 17:08:19
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A cúpula da CPI da Covid traçou uma estratégia jurídica para tentar levar o presidente Jair Bolsonaro a julgamento diretamente no Supremo Tribunal Federal. A ideia, tratada como "plano B", é acionar a Corte caso o procurador-geral da República, Augusto Aras, decida engavetar as conclusões da CPI, deixando de processar Bolsonaro e aliados do governo com foro privilegiado.

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O comando da comissão pretende usar a chamada ação penal subsidiária pública, ferramenta jurídica que permite à vítima ou ao seu representante legal propor a acusação em caso de inércia do órgão que deveria fazê-lo, em até 30 dias. O movimento, no entanto, é visto como pouco factível por alguns juristas e vem sendo questionado até mesmo por integrantes da CPI.

A dúvida é se um eventual arquivamento dos pedidos de indiciamento feitos pela CPI poderia ser classificado como "inércia" da Procuradoria-Geral da República. Não há acordo sobre o caminho a seguir nem no grupo de oposição da CPI, mas uma ala avalia que o tema deve ser levado para debate no Supremo.

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Aras tem poder para dar ou não continuidade às conclusões da CPI, que também serão encaminhadas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG). Cabe ao procurador-geral investigar e apresentar denúncias criminais contra autoridades com foro privilegiado. Caso a PGR decida acusar formalmente Bolsonaro - hipótese considerada remota -, ainda assim seria preciso autorização da Câmara para o processo seguir adiante. Somente depois desse trâmite a ação seria submetida a julgamento no Supremo.

Senadores da CPI vão levar a Aras, ainda hoje, o relatório final da comissão, que pede o indiciamento de Bolsonaro por nove condutas criminosas na pandemia. Caso Aras decida enterrar agora os pedidos da comissão, Bolsonaro e aliados só responderão a processos dependendo do resultado de uma série de discussões que serão travadas na Justiça.

DIVERGÊNCIAS

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Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), um arquivamento será equivalente à inércia pela gravidade da situação. "O caminho seria sustentar uma nova tese perante o Supremo para permitir o manejo de ação penal privada, subsidiária da pública, nos casos em que o PGR se omite, incluídas as hipóteses de arquivamento manifestamente contrário ao interesse público", afirmou Vieira.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) discordou. "A ação penal privada subsidiária da pública só tem incidência na hipótese de o PGR se omitir. Se ele optar pelo arquivamento, não tem cabimento."

O "plano B" também encontra resistências no Supremo e até entre opositores de Aras. A tese dificilmente prosperará, no diagnóstico de ministros do STF, porque exigiria que a Corte recusasse ato de competência exclusiva do PGR.

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Também não está claro quem teria a legitimidade para propor a ação. A CPI mantém conversas com associações de familiares de vítimas e com a OAB. "A ação penal subsidiária pressupõe que haja uma vítima específica. A vítima é a sociedade e quem a representa, em casos de ações penais públicas, é o próprio Ministério Público", disse o advogado Cássio Rebouças de Moraes.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tem orientado a CPI sobre o "plano B". "Se, em 30 dias, Aras não fizer nada, é necessário que seja dada entrada em ação penal subsidiária. Quem tem legitimidade? Essa é uma discussão séria."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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