Em discurso inflamado na Marcha para Jesus do Rio de Janeiro deste sábado, 19, o pastor Silas Malafaia atacou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o governo federal, a imprensa e senadores. O principal alvo da fala foi Moraes, a quem o religioso chamou de ditador e acusou de estar em "conluio" com a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao final, Malafaia disse "profetizar" que a casa do ministro do STF iria cair pelas mãos de Deus, do povo, ou do Senado. Ele discursou aos gritos para milhares de pessoas na Praça da Apoteose, no Centro do Rio. A plateia aplaudiu a cada menção negativa ao magistrado, especialmente quando o pastor disse "profetizar" o seguinte: "Senhor ditador da toga Alexandre de Moraes, a sua casa ainda vai cair! E eu vou dar as hipóteses. Ou vai cair pela mão de Deus, ou vai cair porque o Senado vai tomar vergonha na cara, ou vai cair porque o povo é o supremo poder dessa nação. E o povo quando faz pressão ninguém aguenta". Malafaia já havia afirmado que a casa de Moraes vai cair em vídeo divulgado em suas redes sociais. No canal do YouTube do pastor, aliás, os três últimos vídeos publicados são de críticas ao ministro do STF. No mais recente, o religioso acusa o magistrado de perseguição contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), suspeito de ter se beneficiado de um esquema de venda de joias recebidas como presentes de países estrangeiros. Malafaia pega como gancho o fato de Moraes ter dito que era preciso combater a extrema-direita. "O ministro de alto e bom som está declarando que combate Bolsonaro e ele quer arrumar qualquer motivo para botar Bolsonaro na cadeia", opinou o pastor no vídeo. Na Marcha para Jesus, Malafaia afirmou que mais de 100 brasileiros estavam presos há meses "sem ter uma prova de que estavam na baderna". Ele opinou que Moraes não respeitou o devido processo legal ao manter em detenção participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. O religioso ainda acusou o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias, de autorizar a entrada de vândalos no Planalto - embora não existam até o momento provas disso. "No dia da baderna, ele (Gonçalves Dias) abriu a porta do Palácio. Por que o senhor Alexandre de Moraes não mandou prender o general? Porque está de conluio com esse governo", discursou Malafaia. O religioso chamou o ministro de ditador mais de uma vez. "Estamos vivendo no Brasil uma ditadura da toga do ditador Alexandre de Moraes. Eu não tenho medo desse cara", gritou. "Eu lamento o que esse cara está fazendo nesses últimos dois anos, cerceando redes sociais de brasileiros, colocando gente na cadeia que ele nem podia botar porque não pertence à alçada dele". Malafaia disse ainda que imprensa, senadores e outros ministros do STF são coniventes com Moraes. "Estamos vendo uma imprensa covarde e omissa, calada. Uma grande parte dos senadores covardes e omissos. Demais membros do STF calados e omissos com o que está acontecendo no Brasil", discursou. Ele pediu que os evangélicos presentes no evento se posicionassem politicamente. "Eles estão muito preocupados com o crescimento da igreja evangélica, porque a igreja saiu das quatro paredes e está se posicionando como cidadão desse País", afirmou. "Você não pode cair na conversa: fica lá dentro da igreja, não se mete. Eu sou tão brasileiro como qualquer um".
O tema da Marcha para Jesus no Rio era "liberdade de expressão". Malafaia aproveitou para desferir críticas ao Projeto de Lei das Fake News, relatado pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). A proposta prevê novas diretrizes para as redes sociais em relação a crianças e adolescentes, veiculação de notícias, divulgação de conteúdo falso e impulsionamento de propaganda eleitoral e de conteúdos políticos. "Tentaram aprovar o cerceamento da liberdade de expressão, garantida pela Constituição", discursou o pastor. "Na última hora, o relator comunista, com medo de sofrerem uma derrota, retirou o projeto de pauta. Cercear a sua liberdade de expressar é a porta de entrada para cercear sua liberdade religiosa. Se eu não posso expressar o que eu penso sobre qualquer coisa também não posso expressar o que eu penso sobre religião". Malafaia repercutiu o discurso da bancada evangélica contra o projeto, apelidado por eles de PL da Censura. Algumas lideranças espalharam a alegação falsa de que a proposta limitaria o compartilhamento de versículos da Bíblia ou censuraria o discurso religioso.
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