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Ricardo Nunes diz que 8 de janeiro não foi tentativa de golpe de Estado

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira, 15, que não considera a invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília uma tentativa de golpe. Em sabatina promovida pelo site UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo, Nunes, que se aut

Por Bianca Gomes (via Agência Estado)

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Escrito por Por Bianca Gomes (via Agência Estado)
Publicado em 15.07.2024, 12:58:00 Editado em 15.07.2024, 13:04:26
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira, 15, que não considera a invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília uma tentativa de golpe. Em sabatina promovida pelo site UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo, Nunes, que se autointitulou um "defensor extremista da democracia", ainda comparou o 8 de janeiro à invasão do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) a prédios do Ministério da Fazenda em Brasília e São Paulo, em 2015, episódio que teve a participação de seu adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).

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"Aquelas pessoas que a gente viu ali, a grande maioria (são pessoas) humildes, ambulantes, aposentados", sustentou Nunes, que continuou. "Elas cometeram um erro gravíssimo, têm que pagar por isso, mas eu acho que está muito distante de a gente poder dizer que aquelas pessoas tinham a intenção de dar um golpe de Estado", afirmou o chefe do Executivo paulistano, que classificou o 8 de janeiro como um "atentado contra o patrimônio público" e, assim como outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), rechaçou as penas atribuídas aos envolvidos.

O episódio de 8 de janeiro não é, porém, um caso isolado. A operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em 8 de fevereiro deste ano, investiga uma organização criminosa suspeita de tentar realizar um golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022. Segundo as investigações, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro estariam envolvidos na execução desse plano, que tinha três objetivos: desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito, garantindo a permanência do mesmo grupo no poder. Bolsonaro é apontado como o articulador do plano, tendo supostamente redigido e ajustado a minuta do golpe, que incluía a convocação de novas eleições e a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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Nunes comparou, mais de uma vez, o 8 de janeiro ao 23 de setembro de 2015, quando integrantes do MTST invadiram prédios do ministério da Fazenda para protestar contra a proposta de ajuste fiscal e a política econômica do governo da então presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, Boulos era coordenador do MTST.

"Se a gente entrar no Google e colocar 'Boulos invade ministério' vai sair na capa a foto do Boulos em cima da mesa de uma invasão de um prédio público do Ministério da Fazenda. Não tem diferença com relação à questão das invasões do prédio público (do 8 de janeiro)", afirmou Nunes, que se disse um "defensor extremista da democracia". "Se tem algo de extremo em mim, são duas coisas: eu vim do extremo da cidade, da periferia, e sou um extremista em favor da democracia."

Nunes rejeita novamente rótulo de bolsonarista

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Assim como fez em outras entrevistas, o prefeito rejeitou ser rotulado como "bolsonarista", declarando-se um "ricardista" e um "apaixonado pela cidade". Em um esforço para se distanciar de Bolsonaro, Nunes enfatizou sua abertura ao diálogo com vereadores de todos os partidos e seu respeito por posicionamentos contrários.

Ao abordar o apoio de Bolsonaro à sua pré-candidatura, Nunes destacou o acordo entre a prefeitura e o governo federal que resultou na extinção da dívida de São Paulo com a União, em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. Ele também mencionou que Pablo Marçal (PRTB), pré-candidato à prefeitura de São Paulo que busca o apoio de bolsonaristas, já criticou Bolsonaro no passado.

"Eu sou ricardista e trabalhei muito para ter o apoio do presidente Bolsonaro. Estou grato e feliz por ter o apoio do presidente Bolsonaro. Você não vai achar, em nenhum momento da minha história, das minhas publicações, das minhas entrevistas a vocês, eu fazendo crítica ao presidente Bolsonaro. Pelo contrário, muitas vezes eu coloquei a gratidão por aquilo que o presidente Bolsonaro fez pela cidade, que foi a gente, em uma negociação, acabar com a dívida de R$ 25 bilhões (da cidade). Já o Pablo (Marçal), a gente vê uma série de vídeos dele no passado criticando (o Bolsonaro)."

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Em uma entrevista ao Roda Viva em julho de 2021, porém, Nunes classificou tanto Lula quanto Bolsonaro como "extremos" e criticou a defesa de Bolsonaro, então presidente da República, pelo voto impresso, considerando-a "totalmente inadequada" e "sem sentido". Na mesma ocasião, o prefeito também destacou que é "totalmente fora do contexto e do momento" colocar em dúvida o processo eleitoral, como fez Bolsonaro, e defendeu uma candidatura de centro na eleição presidencial de 2022.

Quando questionado sobre as investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo um suposto esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Nunes voltou a citar a presunção de inocência e enfatizou a importância de aguardar a conclusão das investigações. Ele comparou com o episódio da Escola Base, no qual os donos de uma escola infantil em São Paulo foram injustamente acusados de abuso sexual.

Nunes evitou comentar sobre a relação entre o ex-prefeito Bruno Covas, de quem foi vice, e Bolsonaro. Durante seu mandato como presidente, Bolsonaro se referiu a Covas como "o outro, que morreu", declaração que ele criticou na época. O prefeito ressaltou que não é obrigado a concordar com tudo o que Bolsonaro diz, e vice-versa. Ainda falando sobre a aliança, argumentou que, no atual momento político, é de "fundamental importância" vencer a "extrema esquerda".

Nunes buscou associar Guilherme Boulos, com quem está tecnicamente empatado na última pesquisa Datafolha, à suposta prática de rachadinha pelo deputado federal André Janones (Avante-MG). Na sabatina, ele disse que Boulos "passou pano" para Janones por votar pelo arquivamento da representação contra o parlamentar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Segundo o prefeito, Boulos "fez a legalização da rachadinha".

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