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Ricardo Nunes anuncia acordo com União Brasil, mas aliados divergem sobre termos

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), garantiu nesta quinta-feira, 20, que receberá o apoio do União Brasil na sua tentativa de reeleição em outubro - mesmo com a indicação do coronel da Polícia Militar (PM) Ricardo de Mello Araújo para vice na ch

Samuel Lima e Pedro Augusto Figueiredo (via Agência Estado)

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Escrito por Samuel Lima e Pedro Augusto Figueiredo (via Agência Estado)
Publicado em 20.06.2024, 18:08:00 Editado em 20.06.2024, 18:15:09
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), garantiu nesta quinta-feira, 20, que receberá o apoio do União Brasil na sua tentativa de reeleição em outubro - mesmo com a indicação do coronel da Polícia Militar (PM) Ricardo de Mello Araújo para vice na chapa pelo PL. O acerto teria sido avalizado pelo presidente nacional do partido, Antônio de Rueda, na casa do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite.

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Aliados, contudo, divergem sobre os termos acordados, que podem envolver tanto um apoio ao deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) na disputa para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados quanto a manutenção do partido no comando do Legislativo municipal de São Paulo.

"Está tudo 100% alinhado e ajustado. Não existe nenhum ruído", declarou o prefeito. "Escutei da boca do Milton Leite e do Rueda de que, se o PL fizer a indicação do coronel Mello, eles vão estar juntos". O Estadão procurou ambos os líderes do União Brasil para comentar o assunto, mas não teve resposta.

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O União Brasil era um dos focos de resistência ao militar como número dois na chapa. A artilharia contra o nome vinha sendo feita publicamente por Leite, que desde o começo do ano vinha se colocando como um dos cotados ao posto. O vereador declarou esta semana que o coronel não agrega votos e não cumpre o requisito básico para a posição, no entendimento do partido, que é dialogar com o eleitorado evangélico.

A notícia de que o União deseja o apoio à candidatura de Nascimento para o lugar de Lira foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. O Estadão confirmou a informação. Segundo um interlocutor, a condição é que ao menos o MDB e o PL, que possuem 44 e 95 deputados, respectivamente, apoiem o deputado baiano. Em troca, o União Brasil retiraria a pré-candidatura a prefeito de Kim Kataguiri (União-SP) na capital paulista.

Outros partidos aliados de Nunes, como o PSD e o Republicanos, também têm candidatos a presidente da Câmara dos Deputados: Antônio Brito (PSD-BA), nome mais ligado ao governo, e Marcos Pereira (Republicanos-SP), este último presidente do partido do governador Tarcísio de Freitas e que participou do jantar no Palácio dos Bandeirantes na quarta-feira, 19. "Não procede. Pelo menos isso não foi tratado no jantar", disse Pereira ao ser questionado sobre o pedido do União Brasil.

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Nunes também negou que o apoio do União Brasil tenha sido condicionado a votos do PL em favor de Elmar Nascimento. "Zero. Sequer foi tratado desse assunto. Todo mundo sabe que o Marcos Pereira é candidato lá (na Câmara). Ele me disse 'prefeito, não dá para fazer essa conversa e não sei o quê'. E eu respondi: 'com certeza, isso não entrará em hipótese alguma na conversa' e não entrou. Até o União Brasil nem falou, mas, se falasse, eu não vou condicionar a questão do vice a nenhum tipo de acordo que não seja a gente poder trabalhar pela cidade", afirmou o prefeito nesta manhã.

Já integrantes do PL em Brasília confirmam que ocorreram conversas para apoiar Nascimento, mas há dúvidas sobre a viabilidade do acerto diante da resistência dos deputados do partido a ele. Há quem interprete que nem mesmo uma ordem direta de Bolsonaro faria deputados ligados ao ex-presidente engolirem o cacique partidário do União, que é visto como um político que age com "truculência". Tarcísio falará com o ex-presidente por videoconferência nesta quinta, 20.

Parlamentares relataram ainda que o compromisso envolveria a garantia a Milton Leite que ele terá apoio para eleger um aliado como presidente da Câmara Municipal a partir de 2025. Neste caso, porém, há resistência da bancada paulistana do PL. "Eles querem apoio na Câmara dos Deputados e também já estão pensando na Câmara Municipal. Aí tem que saber quem vai se eleger como vereador, o tamanho da bancada que o União vai fazer. A eleição tem que ser construída. Se o PL fizer a maior bancada, o PL terá candidato a presidente", disse o vereador Isaac Félix (PL), líder do partido na Casa. "Ainda vai passar muita água debaixo dessa viaduto".

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Há uma terceira versão nos bastidores, de que o acordo é exclusivamente municipal. O prefeito teria aceitado a continuidade do União Brasil no comando da Câmara Municipal de São Paulo, de forma a superar o entrave pelo coronel Mello. Milton Leite diz não ter a intenção de concorrer a um novo mandato e, caso realmente não vá às urnas, cederia o lugar a um aliado na próxima legislatura, em 2025.

O vereador tem feito campanha para Silvio Antonio Azevedo, o "Silvão Leite", chefe de gabinete e presidente da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio, e Silvio Ricardo Pereira dos Santos, o Silvinho, chefe de gabinete da subprefeitura de M'Boi Mirim, na zona sul da capital paulista. Milton Leite também tem demonstrado proximidade com o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que atualmente é corregedor da Câmara Municipal.

Apesar do suspense mantido por Nunes, o nome do coronel Mello deve ser anunciado como vice por ele e o governador Tarcísio até esta sexta-feira, 21. Os dois têm uma agenda conjunta no Jardim Ângela, para anúncio das obras do metrô. A definição foi feita durante o jantar no Palácio dos Bandeirantes, organizado por Tarcísio e com presença dos dirigentes partidários das 11 siglas da futura coligação - exceto o União Brasil, que ainda não embarcou oficialmente no grupo.

O apoio do partido a Nunes elimina de vez a pré-candidatura do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), que havia sido escolhido em uma espécie de "prévia" do Movimento Brasil Livre (MBL) e dependia de uma decisão mais ampla nas convenções partidárias, entre julho e agosto. Kataguiri não decolou nas pesquisas: marcou 4% no levantamento mais recente do Datafolha, empatado em quinto lugar com Marina Helena (Novo) e atrás dos recém apresentados José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB).

Procurado para comentar o suposto acerto com Nunes, o deputado Kim Kataguiri disse que não recebeu a informação e alegou que o prefeito não conversou com Rueda. (COLABOROU LEVY TELES)

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