O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) vai prestar depoimento na próxima quarta-feira, 17, sobre as descobertas da Operação Última Milha, que investiga suposto monitoramento ilegal de opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Será a primeira vez que Ramagem, que dirigiu a Abin durante o governo Bolsonaro, vai ser questionado sobre o tema pelos investigadores.
A PF quer que Ramagem dê esclarecimentos sobre o que foi identificado na operação, que teve a quarta fase deflagrada nesta quinta-feira, 11. Entre as provas coletadas pelos investigadores, está a gravação de uma reunião entre o deputado federal e o ex-presidente, onde foi discutido um plano para anular o inquérito das "rachadinhas", que mirou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
No áudio, Ramagem diz que "seria necessária a instauração de um procedimento administrativo contra os auditores da Receita, com o objetivo de anular a investigação, bem como a retirada de alguns auditores de seus respectivos cargos".
É a segunda vez que Ramagem vai ser interrogado pela PF neste ano. No fim de fevereiro, o deputado foi ouvido por falas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. As declarações, que estão mantidas sob sigilo, foram feitas quando Dino era ministro da Justiça no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta sexta-feira, 12, Ramagem usou as redes sociais para classificar a nova fase da Última Milha como um "alvoroço" da PF. O deputado, que é pré-candidato do PL à prefeitura do Rio, afirmou também que as suspeitas levantadas pela Polícia Federal são "ilações e rasas conjecturas". "No Brasil, nunca será fácil uma pré-campanha da nossa oposição. Continuamos no objetivo de legitimamente mudar para melhor a cidade do Rio de Janeiro", escreveu.
Em janeiro, Ramagem foi alvo de mandado de busca e apreensão autorizado na Operação Vigilância Aproximada, um desdobramento da Operação Última Milha, de outubro passado. O deputado esteve à frente do Abin entre julho de 2019 e abril de 2022, durante o período em que dois servidores, presos em outubro, teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem.
A PF investiga se a "Abin paralela" utilizou o software FirstMile para investigar ao menos quatro ministros do STF, quatro deputados federais, quatro senadores, um ex-governador, dois servidores do Ibama, três auditores da Receita e quatro jornalistas. A ferramenta é capaz de localizar aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G.
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